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 Um homem, de 28 anos, é suspeito de agredir e cortar o cabelo da namorada, de 33 anos, com uma faca. A tortura teria acontecido após a vítima ver mensagens de outras mulheres no celular do namorado e dizer que iria dar um fim no relacionamento. O crime aconteceu em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Essa descoberta teria acontecido dentro do carro do casal, que seguia para a casa da avó do agressor. Na frente da residência, o homem joga a mulher na calçada e agride a vítima com socos e chutes. Em seguida, o homem pega a faca dentro do veículo e corta os cabelos da mulher.

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Em entrevista à Record TV Minas, a vítima afirma que o homem era agressivo quando ela descobria as traições dele. Além disso, a família da mulher aponta que o suspeito andava com uma faca dentro do carro e, por isso, acreditam que as agressões foram premeditadas. Vítima diz que registrou um boletim de ocorrência.

Policiais civis da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, prenderam em flagrante, nessa segunda-feira (3), um homem acusado de agredir e queimar a namorada com uma frigideira quente.

Ele foi capturado na Comunidade da Covanca, naquele bairro, na Zona Oeste do Rio. Segundo os agentes, a vítima procurou a unidade após o criminoso a xingar, puxar seus cabelos e a agredir com socos, além de usar uma frigideira quente para queimar diversas partes de seu corpo.

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O homem foi autuado por injúria, ameaça e lesão corporal na forma da Lei Maria da Penha.

"Ninguém bate em ninguém de graça". Essa frase foi dita pelo juiz Rodrigo de Azevedo Costa, que atua na Vara de Família da Nossa Senhora do Ó, Zona Noroeste de São Paulo, para uma mulher, que participava da audiência de pensão alimentícia com guarda e visita aos filhos - ela já tinha sido vítima do ex-companheiro e tinha uma medida protetiva com base na lei Maria da Penha. 

Por conta da pandemia, as audiências estão sendo realizadas de forma online e sendo gravadas. O que deveria ser para resolver a vida dos filhos do ex-casal, acabou se tornando em um show de humilhação e machismo por parte do juiz.

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Entre as colocações feitas pelo magistrado estão: “se tem Lei Maria da Penha contra mãe, eu não estou nem aí” e “uma coisa eu aprendi na vida de juiz: ninguém bate em ninguém de graça”, disse Azevedo Costa após ser informado pela advogada da vítima que ela já havia sido agredida pelo ex-companheiro.

O juiz prossegue: “eu não tô falando que esse de graça é porque a pessoa fez para provocar. De repente a pessoa que agrediu entende que a pessoa olhar pra ele de um jeito x é algo agressivo. Eu não sei o que passa na cabeça de cada um”.

Em um outro vídeo, onde Ricardo deveria tratar sobre a questão da guarda compartilhada, mais machismo e pouca importância para a realidade da mulher foi visto.

A audiência foi pedida por uma mulher, que não teve o nome revelado, e queria uma participação maior do seu ex-marido para cuidar das duas filhas do ex-casal, já que - por conta da pandemia e com as creches fechadas - estava complicado para ela deixar as meninas com alguém para poder ir trabalhar.

Em uma demonstração de preconceito, o juiz Rodrigo falou: "Ganha 1300 e quis ter dois filhos? Se não tem como cuidar, então dá para adoção, põe num abrigo".

Mesmo a guarda sendo compartilhada, o magistrado ainda culpou a mãe por ter ficado com a guarda das crianças. "Quem quis ficar com a guarda foi a mãe, tem que pagar este preço", disse. 

O juiz também faz uma declaração racista: "Se ele é mau pai, eu não tenho culpa. Eu vou fazer o que? Vou pegar este negão e encher ele de tapa? Não é meu trabalho este".

Comissão de Direitos Humanos

Nesta segunda-feira (21), Helder Salomão (PT), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), pediu ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a apuração da conduta do juiz durante a audiência. 

Segundo a assessoria, o documento foi enviado para o corregedor-geral de Justiça, Ricardo Anafe. “Repudiamos a atuação do juiz durante audiência virtual em um processo de guarda, pensão alimentícia e visita aos filhos menores no dia 9 de dezembro, que violou o direito à dignidade da mãe, vítima de violência doméstica, cujo agressor é o pai das crianças”, denuncia Salomão.

O ofício lembra que o “discurso do magistrado ignora o fato de que a cada 6 horas uma mulher é assassinada dentro de casa. Em 2018, foram mais de 3 mil mulheres mortas fora de casa e mais de mil e trezentas, assassinadas na própria residência, de acordo com números do Atlas da Violência 2020".

Um traficante português, acusado de estuprar mulheres em seu país de origem, foi preso no bairro de Santo Amaro, área Central do Recife, e extraditado nesse sábado (5). Há dois anos irregular no Brasil, ele escondia-se em comunidades para evitar a expulsão, já decretada pelo Superior Tribunal Federal (STF), em 2018.

O foragido, de 31 anos, foi entregue às autoridades portuguesas por volta das 18h30, no Aeroporto Internacional dos Guararapes, Zona Sul do Recife. Em Portugal, ele chegou a ser condenado a seis anos e dois meses de prisão por estupro e ameaça qualificada, em fevereiro de 2015, mas não cumpriu a pena.

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Já no Brasil, o criminoso foi notificado pela Polícia Federal (PF) e detido em março de 2018, também em Santo Amaro, em uma operação conjunta com a Rádio Patrulha. Na ocasião, o Ministro do STF, Gilmar Mendes, decretou sua prisão preventiva para atender à solicitação de extradição do governo português.

O português já foi atuado por três vezes na Lei Maria da Penha "em virtude de relacionamentos agressivos e conturbados com mulheres" em Pernambuco e na Paraíba, onde foi registrada uma briga com guardas municipais. Escondido em comunidades nos dois estados nordestinos, ele alternava a moradia em locais como a V8 e os Coelhos, no Grande Recife, e "não costumava ficar por muito tempo em lugares fixos", aponta a PF.

Natural de Lamas, em Cadaval, o estrangeiro confessou que comandava um ponto de tráfico em Portugal, mas foi forçado a fugir do país após ser denunciado pela própria mãe. A Polícia Federal indica que "a prisão ocorreu sem nenhum transtorno e o estrangeiro não esboçou qualquer tipo de reação".

A Prefeitura de Camaragibe sancionou, nesta quinta-feira (30), a Lei Municipal 824/2020 que proíbe a nomeação de condenados pela Lei Maria da Penha em cargos públicos, seja no Executivo ou no Legislativo da cidade localizada na Região Metropolitana do Recife. A Lei Josenita Duda, que foi uma militante feminista e ativista precursora do movimento LGBTQI+ na cidade de Camaragibe, partiu da iniciativa popular. 

A Doutora Nadegi, prefeita do município, revela que essa lei vem contemplar a grandiosidade de Nita. "Quem é de Camaragibe sabe de todo seu ativismo e história de luta pelo reconhecimento e respeito à mulher e aos movimentos LGBTQI+ do município. A violência contra a mulher é uma triste realidade. Mas em Camaragibe estamos combatendo essas práticas com políticas públicas e o rigor da lei”, declara. 

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Maria da Penha Maia Fernandes não desiste. Foram quase 20 anos de luta contra a impunidade, que só chegou ao fim em 2001, depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) responsabilizou o Brasil por omissão estatal na apuração da tentativa de feminicídio que a deixou paraplégica. A lei que leva o nome da ativista e virou símbolo de proteção acaba de completar 13 anos. Mas algumas batalhas continuam as mesmas. "Os pequenos municípios não são assistidos, com raras exceções", afirmou Maria da Penha.

Até o ano passado, as brasileiras só contavam com atendimento em delegacias especializadas em 8,3% das cidades, segundo levantamento recente do IBGE. E só há casas-abrigo de gestão da prefeitura para acolher vítimas expostas a situações de alto risco em 2,4% dos municípios. Para Maria da Penha, as falhas no sistema de apoio são parte da explicação para o fato de o número de mulheres mortas apenas por serem mulheres continuar subindo. "Os feminicídios acontecem quando não existe a política pública, quando a mulher tem medo de denunciar."

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O investimento em ensino de gênero nas escolas, uma das recomendações do relatório da OEA que foi incluída na lei, também não foi feito. Virou questão de honra para Maria da Penha. Lutas antigas se somam a novos desafios, como os possíveis impactos que a nova legislação sobre armas pode ter no combate ao feminicídio e na redução no orçamento dedicado a conter a violência doméstica, que passou de mais de R$ 88 milhões em 2017 para R$ 36,7 milhões neste ano. "Desde o momento em que os recursos necessários para determinada política pública funcionar são retirados, claro que é um retrocesso."

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista concedida pela ativista ao Estado.

A Lei Maria da Penha acaba de completar 13 anos. O Brasil avançou no combate à violência contra a mulher?

Sim. A lei é considerada uma das três melhores do mundo no enfrentamento da violência. E eu acho que o papel da imprensa é de informar o número de feminicídios e de denúncias feitas. No momento em que você expõe a quantidade de denúncias, mostra que o homem continua violento - e agora a gente está sabendo o quanto ele é violento, já que antes não existia estatística no País.

Estamos evoluindo para educar a população e evitar mais casos?

O Brasil está melhorando em relação ao movimento de mulheres, que não descansa em mostrar a importância de denunciar. As estatísticas das denúncias são muito altas. Infelizmente, os feminicídios acontecem quando não existe a política pública, quando a mulher tem medo de denunciar.

Se a conscientização das mulheres vem melhorando, por que ainda não conseguimos evitar que essa violência aconteça?

Isso ocorre porque há o descompromisso do poder público.

Como a senhora avalia a atual política de combate à violência doméstica?

Gostaria que este governo tivesse um olhar mais aprofundado para a criação de políticas públicas. E que a questão das armas fosse repensada. Também precisamos conseguir, por meio da educação, desconstruir o machismo.

Mudar a regra de posse de armas pode prejudicar o combate à violência contra a mulher?

Com certeza. Eu não concordo com essa política, acho um absurdo levar uma arma de fogo, que tem um alcance maior do que uma arma branca, para dentro de casa. Nós provavelmente teremos um aumento no assassinato de mulheres.

Dados do Ministério da Mulher mostram que o orçamento para o combate à violência contra a mulher caiu em 2019. Isso pode ter um impacto direto no combate à violência doméstica?

Desde o momento em que os recursos necessários para determinada política pública funcionar são retirados, claro que é um retrocesso. O poder público tem de ter esse compromisso, pois assim vamos evitar que mulheres sejam assassinadas por falta de política pública, por não ter onde denunciar. É um descompromisso muito grande.

Quais são os pontos ainda complicados para o cumprimento total da Lei Maria da Penha?

Demorou oito anos para a lei estar presente em todas as capitais brasileiras. E os pequenos municípios não são assistidos, com raras exceções. Para a lei funcionar, é preciso ter o centro de referência da mulher, a casa-abrigo, a delegacia da mulher e o juizado. Sabemos que nos pequenos municípios não é possível ter essas quatro estruturas. Mas elas poderiam estar presentes como a saúde está. Existem as macrorregiões, nas quais municípios maiores abrangem políticas públicas de um grande hospital e atendem a população das regiões circunvizinhas. Isso deveria ser feito com a Lei Maria da Penha também.

Como isso ocorreria?

Nós estamos conscientizando os prefeitos dos pequenos municípios de que é interessante criar o Centro de Referência da Mulher dentro de um posto de saúde para não onerar aquele município e ser mais fácil de a mulher, ao entrar no posto, conseguir ser atendida. Seria favorável à mulher, já que ela não teria obrigação de denunciar o seu agressor naquele espaço, mas seria orientada sobre o funcionamento da lei.

Quais são os principais problemas no combate à violência doméstica?

Eu acho que ainda falta investir muito em educação, pois qualquer cultura só se desconstrói através dela. Tanto que, no meu processo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) enviou ao Brasil um relatório final, pedindo esse investimento em educação para se desconstruir o machismo já na fase do ensino fundamental.

Por que nenhum governo conseguiu colocar o ensino de gênero dentro das escolas?

São 13 anos de existência da lei. E o governo em si está realmente parado. Essa educação já deveria ter acontecido há mais tempo, mas é um ponto que a gente nunca pode deixar de falar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um homem de 31 anos foi preso após agredir a esposa e enforcar o filho, de quatro anos, em Araraquara, no interior de São Paulo. A criança foi salva por vizinhos, que invadiram a residência e deram pauladas no agressor.

Segundo testemunhas, o suspeito chegou em casa alterado e afirmando que a criança "não seria filho dele". A mulher fugiu da residência devido às ameaças, de acordo com o Último Segundo.

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Vizinhos perceberam a confusão e flagraram o homem enforcando a criança. Ele foi agredido a pauladas até a chegada das autoridades. Após atendimento médico, o suspeito seguiu para a Cadeia de Santa Ernestina, onde responderá por tentativa de homicídio e, possivelmente, será autuado na Lei Maria da Penha.

 

Na última quinta-feira (7), a Lei Maria da Penha completou 13 anos. Sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Maria da Penha tem como objetivo proteger mulheres, travestis e transexuais da violência domestica e familiar.

Formalmente conhecida como Lei n.º 11.340, a Maria da Penha caracteriza a violência domestica e intrafamiliar como crime. O agressor pode pegar pena de até três anos de prisão. A lei também determina o encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, para programas e serviços de proteção e assistência social.

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Para Larissa Miranda, advogada e representante da comissão da mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), a Lei Maria da Penha está entre os três dispositivos legais sobre violência doméstica mais importantes do sistema jurídico brasileiro. “A lei surge para proteger aqueles que menos podem se defender. Justamente por isso ela foi um divisor de águas dentro da nossa sociedade brasileira. Inclusive é uma lei reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), pois ela torna o Brasil um dos 90 países que possuem leis sobre agressões a mulheres”, disse a advogada.

Para se caracterizar como crime, a agressão pode se dar por meios psicológicos, morais, físicos, sexual, patrimonial e financeiro. Em muitos casos a violência acontece bem antes da agressão física. “Constrangimentos, agressões, maus-tratos na frente de outras pessoas. O agressor vai poder responder por isso. Basta que as pessoas sejam conscientizadas que existe esse tipo de agressão”, afirma a advogada.

No dia em que se comemoraram os 13 anos da lei, o Senado aprovou duas leis referentes a violências contra mulher. Uma sobre prioridade dos processos judiciais de separação ou divórcio para vítimas, e outro sobre apreensão de armas de agressores.

Você sabia que o nome da lei é uma homenagem a uma mulher cearense? Maria da Penha, nascida em 1941, ficou conhecida por sua luta em defesa das mulheres e contra agressões que elas sofrem no âmbito familiar. A vida de Maria da Penha é marcada por vários atentados praticados pelo marido, Marco Antonio Heredia Viveros, incluindo duas tentativas de homicídio.

Em 1983, ela levou um tiro enquanto dormia. O tiro acabou deixando Maria da Penha paraplégica. Na época, quando denunciado, o agressor alegou que a causa do tiro foi por uma suposta tentativa de assalto. Ela também sofreu várias agressões durante o casamento.

Por Sandy Brito.

 

 

Nesta quarta-feira (7), a Lei Maria da Penha completa 13 anos. Desde sua criação, a legislação permite que diversos tipos de violência contra a mulher sejam denunciados, como lesão corporal, maus tratos, ameaça e estupro, entre outros.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP), em 2018 foram registradas mais de 50 mil ocorrências de lesão corporal contra a mulher e mais de 130 feminicídios. Em 2019, de janeiro a junho 82 mulheres foram vítimas de feminicídio.

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Para a delegada Thais Marafanti, da 6ª Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher (DDM) da capital paulista, em 13 anos da Lei Maria da Penha muita coisa já foi conquistada, mas ainda há muito o que fazer. “Eu acredito que houve aumento no número de denúncia por parte das mulheres, elas procuram mais ajuda para sair da cena de violência, elas estão mais empoderadas. Porém falta um pouco mais de profissionais especializados para atender a mulher, principalmente assistentes sociais”, ressalta.

Qualquer mulher que estiver precisando de ajuda ou souber de alguém que esteja sofrendo algum tipo de violência pode ligar para o 190 (Polícia Militar) ou 180 (Central de Atendimento à Mulher). Não é preciso é preciso se identificar.

 

 

O Ministério da Justiça recebeu nesta quarta-feira (7) um evento que lembrou o combate e prevenção da violência contra a mulher. Um pacto foi assinado envolvendo representantes do Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério Público.

O encontro reuniu nomes como o da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Após o evento, Moro utilizou seu perfil no Twitter para falar sobre a relevância da pauta.

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“Celebramos 13 anos da Lei Maria da Penha com um pacto para construção de políticas públicas novas e mais efetivas para proteção das mulheres. Talvez nós, homens, nos sintamos intimidados pelo crescente papel da mulher em nossa sociedade”, comentou. 

O ministro explicou que essa intimidação pode causar as violências sofridas pelas mulheres. “Por conta disso, parte de nós recorre, infelizmente, à violência física ou moral para afirmar uma pretensa superioridade que não mais existe”, explicou Moro.

Ainda em sua publicação, Sergio Moro mencionou que ele fala não apenas como ministro, mas também como filho, marido e pai. “O mundo mudou. Temos muito a aprender. Diz isso não o Ministro, mas o filho, marido e pai de mulheres fortes”, concluiu.

O Projeto de Lei que foi protocolado na Câmara dos Deputados nesta última quinta-feira (6), batizado pelos internautas como “Neymar da Penha”, visa endurecer as penas de uma lei que já existe no Brasil contra o crime de denunciação caluniosa. A PL tomou as redes sociais e conversas de amigos por conta do suposto estupro sofrido pela modelo Najila Trindade que, além do abuso sexual, também acusa o jogador Neymar Júnior pelo crime de agressão.

O crime de denunciação caluniosa se configura quando a pessoa faz a comunicação de um crime que, na verdade, não aconteceu, gerando uma investigação policial ou administrativa, processo judicial, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém (inocente). O caluniador dessa história pode ser responsabilizado pelo crime que está previsto no artigo 339 do Código Penal, estando sujeito a uma pena de 2 a 8 anos de prisão - além de multa.

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Foi o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) quem protocolou a PL 3369/19 que visa agravar a pena de denunciação caluniosa de crimes contra a dignidade sexual. No entendimento do pesselista, o atacante Neymar está sendo vítima da mulher que está - segundo Carlos -, querendo "ganhar seus minutinhos de fama". Se o projeto for aprovado, os processados poderão ter a pena aumentada em até 1/3.

No entanto, o nome que o Projeto de Lei ganhou (dos internautas) não vem agradando parte da população. Alguns afirmam que isso demonstra total desrespeito a Lei 11340/2006, batizada de Lei Maria da Penha, que está em vigor no Brasil há 12 anos (prestes a completar 13 anos em agosto). É ela a responsável pelo fortalecimento do combate à violência doméstica e familiar que muitas mulheres sofrem no Brasil. Para se ter ideia, antes da Maria da Penha, as agressões dos maridos contra as suas esposas eram considerados crimes de menor potencial ofensivo, muitas vezes o acusado respondia o crime em liberdade, como foi no caso da farmacêutica inspiradora da Lei, Maria da Penha.

Ela foi vítima de dupla tentativa de homicídio (na época) por parte do seu então marido, o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Maria da Penha levou um tiro do marido enquanto dormia, foi mantida em cárcere privado e quase foi eletrocutada pelo companheiro enquanto tomava banho. Mesmo paraplégica, Penha conseguiu se tornar um símbolo de resistência e luta pelo fim das agressões domésticas.

Décadas após as agressões sofridas por Maria da Penha, sua história e resiliência serviram para a criação da lei que leva o seu nome. De acordo com o advogado, professor e especialista em ciências criminais Rodrigo Diniz, a Lei 11340/2006 é tida como uma ação afirmativa e visa o princípio da igualdade e equidade entre homem e mulher. “Muita gente ainda não entende que bater em mulher é crime, mas a lei está aí para confirmar isso”, diz.

Quando a Lei estava prestes a completar 10 anos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou uma pesquisa que avaliava a efetividade da lei. De acordo com o órgão, mesmo a Lei Maria da Penha não tendo como foco o homicídio de mulheres, os resultados indicaram que a Lei fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios contra as mulheres dentro das residências no Brasil.

Até a década de 70, a tese de legítima defesa de honra era aceita nos tribunais para inocentar maridos que assassinavam seu cônjuge. Segundo levantamento do IPEA, até a sanção da Lei Maria da Penha, os incidentes de violência doméstica eram julgados segundo Lei nº 9.099/1995, sendo considerados crimes de menor potencial ofensivo, nenhuma medida protetiva era oferecida à vítima.

Nesse mesmo tempo, quando os acusados eram condenados tinham suas penas reduzidas ao pagamento de cestas básicas - o que acabou de vez em 2006. "A Lei Maria da Penha modificou a forma de como o Estado tratava os casos envolvendo a violência doméstica: aumentou o custo de pena para o agressor; aumentou o empoderamento e as condições de segurança para que a vítima pudesse denunciar; aperfeiçoou os mecanismos jurisdicionais,  possibilitando que o sistema de justiça criminal atendesse de forma mais efetiva os casos envolvendo violência doméstica", pontua o IPEA.

Uma mulher de 54 anos foi esfaqueada pelo próprio marido, de 63 anos, por ter chegado tarde em casa. O suspeito confessou à polícia que havia discutido com a companheira na noite do último sábado (25), dia em que - segundo o acusado - a mulher o traiu. O crime aconteceu na manhã do domingo (27), em Sobradinho, Distrito Federal, depois que o casal havia discutido.

A vítima encontra-se internada no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Por conta da facada, ela teve que passar por uma drenagem no pulmão. Na manhã desta segunda-feira (27), a mulher estava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

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Agressor, identificado como Antônio Gerardo Soares de Moraes, foi preso depois de confessar o crime a um conhecido, que é um policial civil aposentado - que lhe deu voz de prisão. De acordo com o Correio Braziliense, o homem foi autuado por tentativa de feminicídio e pela Lei Maria da Penha, podendo pegar de 4 a 20 anos de prisão.

 

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), disse que algumas mulheres preferem andar armadas do que terem “a folhinha da Maria da Penha” para se defenderem. O argumento do ministro foi exposto enquanto ele defendia os decretos assinados pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para flexibilizar o porte e a posse de armas no Brasil, desde que assumiu o governo em janeiro.

"Tem mulheres que entre ter lá a folhinha da Maria da Penha ou um revólver ou pistola na bolsa, prefere ter um revólver na bolsa, porque isso garante a integridade dela. Esse é um exercício de direito que tem que ser respeitado", declarou o democrata durante entrevista à Rádio Gaúcha nessa sexta-feira (10).

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O último decreto assinado pelo presidente que atinge o armamento do país foi do último dia 7. Na ocasião, ele flexibilizou o porte de armas e a compra de munições para, pelo menos, 20 categorias de profissionais, entre eles políticos detentores de mandatos e jornalistas.

A medida está sendo questionada judicialmente. Nessa sexta, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deu um prazo de cinco dias para Bolsonaro se posicionar sobre o decreto.

Ainda nessa entrevista, Onyx Lorenzoni disse que se depender de dele nenhum trecho será editado.

"No que depender com a minha conversa com Rodrigo Maia não vai cair nada [do decreto]. Porque o decreto está muito bem construído, solidamente construído. O que tem entre o decreto e algumas interpretações, que eu respeito, é mediado pela ideologia", disse.

O jogador Alexandre de Oliveira Macedo Junior, conhecido como Alexandre Talento, foi preso nesta quarta-feira (8) por agredir sua ex-namorada Bianca Oliveira, de 29 anos. A prisão aconteceu no Rio de Janeiro, na cidade de Marechal Hermes.

Essa não é a primeira vez que Alexandre foi preso acusado de agredir Bianca. No dia do 5 do mês passado, Alexandre já havia sido preso pelo mesmo motivo, mas acabou pagando fiança e sendo liberado. Uma semana depois voltou a agredi-la e desta vez quebrou vários ossos do rosto da vítima. A jovem precisou passar por um processo cirúrgico e se recupera em casa. 

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Bianca já registrou três boletins de ocorrência contra Alexandre, segundo informações do G1. O casal esteve junto por mais de quatro anos. Alexandre foi revelado pelo Bonsucesso. O acusado teve breve passagem pelo Botafogo e atualmente joga na Grécia. 

A agressão de Alexandre teria começado depois que ele leu uma conversa no celular da ex sobre uma saída noturna dela. Bianca conversava com uma amiga.

“Ele me bateu bastante, até eu desmaiar. Só lembro de ter acordado quando estava num carro de uma amiga, sendo levada para um hospital. O Alexandre vivia me perseguindo porque não aceitava o fim do nosso relacionamento de quatro anos. Tenho medo do que possa acontecer daqui pra frente”, disse a jovem.

A Polícia Civil, através da Delegacia de Polícia de Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, prendeu em flagrante, na manhã desta quinta-feira (21), um homem de 57 anos pelos crimes de constrangimento ilegal, ameaça, injúria, violação de domicílio, desacato e pela contravenção penal de vias de fato. A prisão ocorreu por meio de denúncia da filha e ex-companheira, que estavam sendo aterrorizadas com o comportamento do preso.

Segundo o delegado Rodrigo Caldas, o indivíduo demonstrou desprezo pela proteção à mulher no contexto da Lei Maria da Penha. “De acordo com o relato das vítimas, elas sofriam as agressões e os demais crimes há anos e de forma rotineira. Uma outra situação ainda será apurada, que se confirmada, é grave no sentido que o preso tiraria fotos nuas de sua filha e de sua ex-companheira. Ressalta-se que a filha do indiciado tem apenas dezessete anos”, contou o delegado.

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“As investigações continuam, com o objetivo da plena apuração dos crimes perpetrados pelo indiciado. Tais crimes contra a mulher possuem especial atenção da Polícia Civil, havendo, inclusive, cartório especializado na Delegacia de Eldorado do Sul para a apuração de crimes que envolvam a Lei Maria da Penha", afirmou Caldas.

O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Canoas, delegado Mario Souza afirma que foi uma ação enérgica e contundente da Polícia Civil, com execução rápida, visando impedir a continuidade das agressões contra as duas mulheres vítimas. “Essa atuação imediata dos policiais no contexto da violência doméstica refletiu o pronto emprego da Polícia Civil na assistência à sociedade", esclarece Souza.

Da Polícia Civil do RS

Uma hamburgueria de cidade de Salto, no interior de São Paulo, está recebendo diversas críticas após batizar um sanduíche de "Maria da Penha". Em seu cardápio, a Kau Hamburgueria destacou em negrito as letras de "olho roxo" do ingrediente repolho roxo. A ideia era fazer um trocadilho com o nome do lanche. Nas redes sociais, a hamburgueria recebeu uma enxurrada de comentários negativos.

O nome do lanche foi considerado uma ofensa à ativista Maria da Penha, que dá nome à lei criada em 2006 com o objetivo proteger as mulheres da violência doméstica e familiar. Muitos internautas também acusaram o restaurante de fazer apologia à violência contra a mulher. “Achou criativo e engraçado, porque o olho roxo não era a mãe ou a filha dele", disse uma pessoa. "Lanchinho que banaliza a violência? tô fora", escreveu outra.

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Após as críticas, a Kau Hamburgueria mudou o nome do hambúrguer para “vixe, o polêmico!”, gerando ainda mais comentários negativos. Em seguida, o estabelecimento mudou para “censurado” e, agora, se encontra com o título “um lanche com repolho”.

Em nota nas redes sociais, a hamburgueria pediu desculpas. “Entendemos nosso equívoco em relação à escolha do nome e pedimos nossas mais sinceras desculpas pelo ocorrido”, afirmou. "Em momento algum desejamos ser desrespeitosos com qualquer mulher, sendo ou não frequentadora do nosso espaço", continua o texto.

Em vigor desde 7 de agosto de 2006, a lei Maria da Penha completou 12 anos na terça-feira como um dos mais importantes instrumentos da legislação brasileira para punir a prática de violência física e psicológica contra mulheres. No primeiro semestre deste ano, o Ligue 180 recebeu mais de 75 mil ligações com denúncias de violências contra mulher, segundo a Central de Atendimento a Mulheres. No mesmo período, 2.967 mulheres vítimas de violência foram atendidas em Belém, segundo o ProPaz Mulher (PPM), Unidade Belém.

O artigo 5o da referida lei define violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.)

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 Apesar do crescimento no número de denúncias, ainda existem vítimas que não denunciam a agressão por medo. “Pensei em denunciar várias vezes, mas acabei desistindo por medo do que ele poderia fazer e por pena do que poderia acontecer”, conta uma vítima de agressão que preferiu não se identificar.

A falta de informação faz com que essas vítimas demorem a procurar ajuda, mas o crescente número de registros tem mostrado que cada vez mais as mulheres estão tomando a atitude de denunciar o agressor. “Quando a mulher procura a delegacia ela já tentou todas as alternativas possíveis. É quando ela não vê saída. Então aqui ela recebe suporte da assistência social, psicólogos, médicos, delegados e defensores públicos”, diz Laryssa Carvalho (27), psicóloga do PPM.

A vítima de violência tem garantias e direitos preservados por meio de medidas protetivas como a notificação que o agressor recebe para manter distância da vítima, sendo proibido de se aproximar tanto por meios eletrônicos, como redes sociais, quanto fisicamente. “Se esse homem quebrar essa medida, ele pode ser preso, caso ela venha aqui conosco formalizar a quebra da medida protetiva”, conta a psicóloga.

A violência contra a mulher cria traumas que dificultam a vida da vítima. “Ele me batia várias vezes, e sem motivo algum. Ficava bravo e descontava em mim. Eu me sentia sem valor, um lixo”, conta a entrevistada que não quis se identificar.

Situações como essa acontecem todos os dias no Brasil. “Já melhoramos muito, mas ainda há muito a melhorar. Os dados mostram que após a lei Maria da Penha entrar em vigor as denúncias aumentaram. A mulher, hoje, já confia em denunciar, que algo seja feito e que seja rompido esse ato agressor. A questão doméstica, relação marido e mulher, e a violência nessa relação já não é mais um problema só do casal, é um problema de saúde pública. Então todos nós devemos estar cientes quanto a direitos e deveres até para nos tornarmos multiplicadores”, declara Laryssa Carvalho.

A maioria das mulheres vítimas de violência faz os tratamentos psicológicos até o final, variando de acordo com o tempo de cada uma para se recuperar do trauma. “Em algumas percebo uma melhora significativa em dez atendimentos, em outras eu já percebo em dezoito atendimentos. A maioria que vem a primeira vez consegue levar adiante, mas tem muitas mulheres que marcam e não vêm e essas são os nossos entraves. Fazemos as captações, as buscas ativas, ligamos para essa mulher para um novo retorno, mas algumas realmente desistem por vergonha, por pressão e por medo”, conta a psicóloga

Informação e conhecimento sobre violência doméstica e familiar contra a mulher são as melhores formas de combater práticas do tipo. A realização de palestras em canteiros de obras para fazer a educação em saúde e para evitar a violência contra a mulher é cada vez mais comum na capital. “Muitos casos surgem durante essas palestras. Alguém levanta a mão e diz: olha eu conheço um amigo que bate na mulher, como posso estar ajudando? E explicamos que tem a denúncia anônima, não tem só a denúncia da mulher”, conclui Laryssa.

Para denunciar violências contra mulher, basta ligar para o número 180.

Por Rosiane Rodrigues.

 

A proposta que torna o chamado “pornô de vingança” crime foi aprovada hoje pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Se aprovado e sancionado, o Projeto de Lei, de autoria do deputado João Arruda (PMDB-PR) modifica a Lei Maria da Penha e o Código Penal. Esse tipo de crime é caracterizado quando o agressor expõe fotos íntimas da pessoa com quem teve relacionamento, a fim de constrangê-la.

A deputada Gleisi Hoffman (PT-PR) apresentou o texto substitutivo que aumentou a pena para quem for condenado por esse tipo de crime de um para até quatro anos de prisão e pagamento de multa. “Quero registrar ainda que já tivemos inúmeros suicídios, principalmente de adolescentes, vítimas de exposição de fotos nas redes sociais”, declarou a deputada durante a votação do PL na CCJ.

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Gleisi Hoffman também sugeriu a alteração do Código Penal para que, nos casos em que se configurar esse tipo de crime, a ação se torne pública. “A principal vítima da ‘vingança pornográfica’ é a mulher, enquanto que os responsáveis por esse tipo de conduta, na maioria das vezes, são os ex-cônjuges, ex-parceiros e até ex-namorados das vítimas. Assim, não há dúvidas de que se trata de mais uma forma de violência praticada contra a mulher”, concluiu.

O registro ou divulgação, não autorizada, de cenas da intimidade sexual de uma pessoa, a chamada “vingança pornográfica”, será crime punível com reclusão de dois a quatro anos, mais multa. É o que determina o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 18/2017, aprovado nesta quarta-feira (22) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e que segue em regime de urgência para o Plenário.

A proposta altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940). Originalmente  ela estabelecia pena de reclusão de três meses a um ano, mais multa, pela exposição da intimidade sexual de alguém por vídeo ou qualquer outro meio. O texto alternativo [substitutivo] apresentado pela senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) ampliou essa pena de reclusão para dois a quatro anos, mais multa.

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Rose Leonel, cidadã paranaense vítima de vingança pornográfica e que inspirou a apresentação da proposta pelo deputado João Arruda (PMDB-PR), acompanhou a votação na CCJ. "Quero registrar ainda que já tivemos inúmeros suicídios, principalmente de adolescentes, vítimas de exposição de fotos nas redes sociais", declarou Gleisi Hoffman.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou que a violência tem trazido muitas notícias ruins pelo Brasil afora e que é preciso fortalecer a mulher, dar-lhe poder. Ela citou a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” e comemorou a aprovação do texto. "Nada mais justo do que aprovar agora um projeto de tamanha importância e impacto perante a sociedade", afirmou.

Reformulação

Em seu substitutivo, Gleisi reformulou o novo dispositivo sugerido pelo PLC 18/2017 ao Código Penal. Assim, o tipo penal proposto passou a ser a “divulgação não autorizada da intimidade sexual”, com pena ampliada e novas circunstâncias para seu aumento de um terço à metade. Também seria enquadrado aí quem permitir ou facilitar, por qualquer meio, o acesso de pessoa não autorizada a acessar esse tipo de conteúdo.

Mais quatro possibilidades para aumento de pena foram acrescidas pela relatora na CCJ: prática do crime contra pessoa incapaz de oferecer resistência ou sem discernimento apropriado; com violência contra a mulher; por funcionário público no exercício de suas funções ou por quem teve acesso a conteúdo do material no exercício profissional e que deveria mantê-lo em segredo. A princípio, o projeto só previa essa ampliação caso o crime fosse praticado por motivo torpe ou contra pessoa com deficiência.

Sugestão do senador Roberto Rocha (PSDB-MA) também inspirou a inserção de outra novidade no Código Penal pela relatora: o tipo penal “registro não autorizado da intimidade sexual”. O crime em questão caracteriza-se por “produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado, sem autorização de participante". A pena sugerida é de seis meses a um ano de detenção, mais multa. Punição idêntica será aplicada a quem realizar montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro tipo de registro, para incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.

Gleisi também sugeriu alteração no Código Penal para que, nos crimes relativos à exposição da intimidade sexual, a ação penal seja pública e condicionada à representação. A relatora promoveu ajustes na redação de um dos dispositivos da Lei Maria da Penha para estipular a violação da intimidade como uma das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher.

“A legislação brasileira ressente-se de instrumentos adequados e eficientes para prevenir e punir atos de ‘vingança pornográfica', que consistem na divulgação de cenas privadas de nudez, violência ou sexo nos meios de comunicação, em especial nas mídias sociais, para causar constrangimento, humilhar, chantagear ou provocar o isolamento social da vítima. A principal vítima da ‘vingança pornográfica’ é a mulher, enquanto que os responsáveis por esse tipo de conduta, na maioria das vezes, são os ex-cônjuges, ex-parceiros e até ex-namorados das vítimas. Assim, não há dúvidas de que se trata de mais uma forma de violência praticada contra a mulher”, reconheceu Gleisi no parecer.

Da Agência Senado

Maria da Penha, 71 anos, farmacêutica que dá nome à lei que pune a violência doméstica, deu seu parecer sobre as mudanças sugeridas por parlamentares em uma entrevista ao site Compromisso e Atitude (http://www.compromissoeatitude.org.br). De início ela pensava que as alterações fossem colaborar com a aplicação da lei e não dificultar o acesso das vítimas à Justiça.

Segundo ela, se a proposta for aprovada do jeito que está, a lei vai ficar muito fragilizada. “O advogado de defesa pode alegar que a punição aplicada pelo policial é inconstitucional e o acusado acabar liberado”, declarou Maria da Penha. Ela defende que sejam adotadas políticas que ajudem a aplicar a lei e que sejam criados centros de referência em cidades mais afastadas dos grandes centros.

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O deputado autor do texto, Sergio Vidigal (PDT-ES), argumentou que o objetivo do projeto é acelerar as medidas protetivas e afastar os agressores das mulheres. De acordo com ele, “o advogado está mais perto da vítima que o juiz”. ONGs e o Poder Judiciário já se manifestaram contra a mudança na lei. Maria da Penha lutou por 19 anos para que seu agressor fosse punido. Após sofrer duas tentativas de homicídio, a farmacêutica conseguiu a aprovação de lei específica para tratar casos como o seu.

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