Tópicos | nazismo

Acusado de ser cúmplice no assassinato de 5.230 pessoas, o guarda da organização paramilitar nazista SS, Bruno Dey, 93 anos, pode ser preso. Ele está sendo julgado em um tribunal de menores porque, na época dos eventos, tinha 17 e 18 anos. Os crimes aconteceram no campo de Stutthof, na Polônia.

Bruno hoje é padeiro aposentado. O promotor Lars Mahnke pede que o réu seja pegue três anos de prisão e o veredicto será anunciado em 23 de julho. A defesa do ex-guarda insiste que ele não ingressou voluntariamente na SS antes de servir no campo de agosto de 1944 e abril de 1945. Além disso, a defesa aponta que Bruno acabou designado para lá por ter uma doença cardíaca que o excluiu da linha de frente.

##RECOMENDA##

Segundo aponta a Carta Capital, no seu último depoimento em maio, Dey disse ao tribunal que queria esquecer seu tempo no campo. "Não tenho culpa do que aconteceu naquela época. Não contribui com nada, além de ficar de guarda, mas fui forçado a fazê-lo, era uma ordem", explicou.

Dois funcionários de uma rede de pizzarias norte-americana foram demitidos após decorar uma pizza com uma suástica feita em pepperoni. O casal de clientes, Misty e Jason Laska, tomou um susto ao abrir a caixa e se deparar com o símbolo nazista.

"Estou bastante desapontada. Isso é muito triste e perturbador, e não é engraçado de forma alguma!", comentou Misty sobre a pizza da Little Caesars comprada em Ohio. Jason chegou a conversar com o dono da filial por telefone, que revelou que a suástica não passou de uma "brincadeira" entre colegas de trabalho. “Essas não são piadas engraçadas e não devem ser feitas no período e no horário da empresa!”, rebateu a mulher.

##RECOMENDA##

De acordo com a CBS News, os responsáveis pela pizza achavam que outro funcionário era judeu e queria zombar dele. A empresa emitiu nota de desculpas e garantiu que adota uma política de "tolerância zero com o racismo ou qualquer forma de discriminação".

O Facebook removeu um anúncio publicado pela campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, que atacava a esquerda e mostrava um triângulo vermelho invertido, símbolo usado pelos nazistas para designar os presos políticos nos campos de concentração.

"Removemos estes anúncios e publicações, porque infringem nosso regulamento sobre o ódio organizado", declarou um porta-voz da rede social americana nesta quinta-feira.

##RECOMENDA##

"Não autorizamos símbolos que representam organizações ou ideologias de ódio, a menos que seja para condená-las", assinalou Nathaniel Gleicher, diretor de normas de segurança cibernética da rede social, ao ser questionado nesta quinta-feira (18), no Congresso, sobre um artigo do jornal "The Washington Post" que revelava a existência do anúncio.

O texto da propaganda atacava as "hordas perigosas de grupos de extrema esquerda" e convocava os internautas a assinar uma petição contra os "antifa", que Trump acusou, sem provas, de causar distúrbios durante as manifestações recentes contra a violência policial nos Estados Unidos.

Os nazistas obrigavam os prisioneiros políticos de esquerda a exibir o triângulo vermelho. "Nossas regras proíbem recorrer a este símbolo sem o contexto que o condene ou questione", assinalou o porta-voz do Facebook.

O debate sobre a moderação dos anúncios e declarações políticas nas redes sociais agita os Estados Unidos há meses, a menos de 140 dias das eleições presidenciais. O Facebook autoriza publicidade com caráter político e se nega a submeter as declarações dos candidatos e políticos a seu programa de verificação de fatos, alegando que os leitores devem formar suas próprias opiniões. Mas suas mensagens são submetidas às regras gerais contra o terrorismo, a apologia à violência e as informações práticas falsas sobre as eleições.

Um condomínio residencial da cidade de Rio Claro (a 176 km de São Paulo) foi palco da apreensão de símbolos que exaltam o nazismo na última segunda-feira (15).

Após denúncia de populares, uma ação da Polícia Civil paulista recolheu bandeiras, uma braçadeira e um boné, todos alusivos ao regime supremacista alemão da década de 1920.

##RECOMENDA##

De acordo com os agentes, o material estava em um apartamento que pertence a um estudante de Direito de 30 anos. O dono, entretanto, não estava em casa no ato do cumprimento da ordem judicial.

O mandado foi expedido após moradores do próprio condomínio notarem bandeiras com o símbolo da suástica, cruz adotada como referência pelo nazismo, penduradas na janela do imóvel.

A prática fere a Lei de Crime Racial (nº 7.716/1989). Além do material apreendido na ação, os policiais recolheram um exemplar do livro "História Revelada da SS" (2010) que relata como o partido nazista cresceu e matou mais de 21 milhões de pessoas na Europa.

De acordo com Carlos Schio, delegado responsável pelo 1o. Distrito Policial (DP) de Rio Claro, o dono do imóvel será ouvido e a investigação deve se estender à ligação do homem com outras pessoas envolvidas com práticas nazistas.

Desde o último domingo (31), quando grupos antifascistas ligados a torcidas organizadas de times de futebol organizaram atos pela democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em várias cidades, têm surgido postagens nas redes sociais com imagens de uma bandeira associada ao movimento antifascista, com usuários se identificando com esse posicionamento político. O LeiaJá ouviu professores e uma ativista para explicar o conceito de antifascismo e o que significa a bandeira antifa, como o movimento também é chamado. 

O que é o fascismo?

##RECOMENDA##

Karl Schuster é historiador e professor há 17 anos, fez pós-doutorado em História Contemporânea pela Universidade Livre de Berlim e atualmente é livre docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Ele explica que: “entende-se por fascismo o conjunto de movimentos políticos que pavimentaram a chegada da extrema-direita ao poder na Europa durante a década de 1920”, mas também as manifestações contemporâneas que se dão dentro de sistemas democráticos e tentam destruir o estado democrático de direito aos poucos. 

“O modo de atuar no novo fascismo promove uma erosão do ambiente democrático. A erosão é gradual, cria inimigos internos, produz isolamento, enfim, ameaça o sistema como um todo. Daí a importância do uso do plural, fascismos. O nazismo foi, em verdade, um tipo de fascismo. Esses movimentos são aquilo que o historiador alemão Ernst Nolte chamou de Anti, são antiliberais, anticomunistas, antimarxistas. O alimento da política e do discurso fascista é a eterna sensação de que o país vai de mal a pior e que apenas eles, os fascistas, seriam capazes de restituir o que a sociedade perdeu, seja por defender um ultra fanatismo em costumes, retomando pautas já superadas, ou com o discurso de que são a própria renovação de uma política carcomida pela corrupção”, explicou o professor. 

No Brasil, de acordo com o professor de história José Carlos Mardock, o fascismo teve uma relação forte com o governo de Getúlio Vargas no período ditatorial do Estado Novo, perseguindo seus opositores. “O escritor alagoano Graciliano Ramos, que era membro do Partido Comunista Brasileiro, foi um dos presos políticos do Estado Novo a transitar pelos calabouços da repressão. Toda a sua experiência está relatada no livro Memórias do Cárcere”, contou Mardock.

Jones Manoel tem 30 anos, é historiador, mestre em serviço social, educador e comunicador popular, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do movimento negro. Ele explica uma das manifestações do fascismo no Brasil se deu por meio do Integralismo, liderado por Plínio Salgado, num grande partido que chegou a ter mais de 80 mil militantes. 

“Basicamente defendia resgatar uma ideia de brasilidade dentro de um programa nacionalista conservador, violentamente anti comunista, anti sindicatos, anti militância que misturava positivismo com fascismo e supostas tradições reais do Brasil. O Brasil desde os anos 1930 para cá nunca teve movimentos de massa fascistas, mas sempre teve pequenos grupos que reivindicam o nazismo, o nazifascismo, via de regra agindo numa perspectiva de gangue, fazendo ataques contra mendigos, homossexuais, pessoas em situação de rua e por aí vai”, disse Jones.  

Movimento e bandeira antifascista

Os movimentos de resistência aos diferentes tipos de fascismo surgem porque, como explica o professor Karl, “O fascismo não morreu com Hitler ou com o fim da segunda guerra mundial. Da mesma forma que os fascistas e as condições sociais para sua existência continuaram existindo, a resistência também. Sempre existirão [ameaças fascistas] enquanto continuarmos com as condições sociais do fascismo. Para mim, fascismo é a negação do outro. É um forte problema de alteridade e de entendimento de existência do outro como inimigo a ser aniquilado”, explicou o professor. 

Ele também conta que o enfrentamento ao fascismo nem sempre nasce de grupos necessariamente denominados antifascistas ou em momentos em que a ameaça é iminente e muito forte, mas também de pautas de movimentos da sociedade civil em busca de mais democracia. 

“[Há movimentos que] não são necessariamente antifascismo, eles abraçam essa pauta por serem movimentos que vigiam, garantem o mínimo de manutenção do estado democrático. Eles são fundamentais para a democracia e existem mesmo sem o fascismo como perigo eminente. Eles nascem da sociedade civil organizada. Nascem da natureza desigual do estado e se fundam numa luta constante por reconhecimento e autonomia das minorias ou de pautas de inclusão, de direitos humanos ou mesmo de reforma agrária, no caso do passado recente do Brasil”, disse o professor Karl Schuster. 

Os movimentos conhecidos como “antifas” surgiram, segundo o professor Mardock, da união entre os partidos Comunista Alemão (KPD) e o socialista alemão (SPD) da luta contra o fortalecimento nazista na década de 1930. “Os partidos KPD E SPD, juntos, venceram Hitler nas eleições de 1933, daí a justificativa para as bandeiras”, explicou ele.

Já o professor Karl conta que a imagem das duas bandeiras, que também aparecem em vermelho e preto, representam uma ideia da criação de uma frente única contra o fascismo e também representam o anarquismo. “Essa bandeira representa a ideia de frente única, a ideia de que todos que são antifascistas estariam unidos, ao menos naquele momento, contra a avalanche fascistizante. As cores representam o anarquismo, o socialismo libertário. Liberdade de quaisquer tipos de hierarquia e coerção são fundamentais nessas duas correntes, que têm rejeitam o socialismo clássico por não aceitarem a hierarquia. Para ambos, o controle centralizado deve ser destruído e abolir o controle autoritário sobre os meios de produção é a ideia central”, contou ele.

De acordo com o historiador, educador e mestre em serviço social, Jones Manoel, havia uma disputa entre anarquistas e comunistas pela “cabeça” do movimento operário, mas diante da ameaça de um grande inimigo maior, foi necessário unir forças. “Como o fascismo tem a característica de montar suas tropas de choque, suas milícias armadas, o antifascismo se dava a partir de ações de massa, debates, ações culturais, mas também ações de rua para tentar intimidar os fascistas e não deixar que eles tomassem conta da arena pública. Aqui no Brasil teve um famoso evento antifascista, a batalha da Praça da Sé, quando antifascistas de variadas matizes se uniram para expulsar os integralistas numa batalha que envolveu muita porrada, agressões físicas e alguns tiros, num episódio em que os comunistas colocaram os fascistas para correr no episódio que ficou conhecido como a ‘revoada das galinhas verdes’. Basicamente os grupos antifas surgem da percepção do movimento operário do perigo que o fascismo representa”, explicou ele.

Reunião de grupo da Juventude Integralista, grupo fascista brasileiro/Domínio Público

Militância on-line e nas ruas

A advogada Ana Cristina Rossi, de 28 anos, é natural de Florianópolis mas mora em São Paulo desde 2013, ano em que começou a participar de manifestações de rua. Em 2016, junto com outros dois amigos, ela fundou o Coletivo Pela Democracia, com o objetivo de promover atos e impedir o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Recentemente, em decisão conjunta com os demais administradores do coletivo, o grupo mudou de nome e passou a se chamar “Coletivo Democrático Antifascista M14”. 

“Com o avanço dos retrocessos e os absurdos que o Presidente vinha propagando dia a dia, a ineficiência desse governo no combate ao Covid-19, foi gerando uma revolta muito grande, então sugeri um novo nome. Sempre tivemos esse posicionamento antifascismo, contra a extrema-direita, racismo, xenofobia. Nossa ideologia é completamente voltada ao socialismo, comunismo, de forma que a gente era a oposição da oposição para esse governo. O discurso desse governo é fascista, nossa principal pauta é a democracia”, contou ela. 

Questionada sobre a razão para, em sua opinião, ter crescido o volume de pessoas nas redes sociais se identificando como antifascistas, Cristina aponta uma conexão entre os atos contra a violência policial que têm ocorrido nos Estados Unidos e a realidade violenta que também é fortemente enfrentada nas periferias do Brasil. 

“Eu acredito que tenha relação em primeiro lugar com o movimento #blacklivesmatter. Esse movimento se alinhou muito com o que está acontecendo aqui no Brasil, o número de mortos nas periferias do Brasil, a forma como a polícia atira indiscriminadamente no povo preto. Dois coletivos se reuniram para combater esse fascismo crescente na América: Democracia Corinthians e Palmeiras antifascista, se eu não me engano, estavam na [Avenida] Paulista com uma pauta muito bacana, Anti Bolsonarista, e houve confronto com a polícia. Isso tudo foi uma das razões para deixar bem claro o que eu já sei desde sempre sofremos com a ação da PM do governo de SP, mas agora eles se sentem legitimados”, afirmou a advogada. 

Jones Manoel, de 30 anos, nasceu na favela da Borborema, zona sul do Recife. Negro, filho de empregada doméstica e órfão de pai aos 11 anos, precisou trabalhar ainda na adolescência e conta que aos 19 anos um amigo lhe apresentou a universidade. A partir desse momento, ele começou a se empenhar para o vestibular e conseguiu a aprovação, montando depois um cursinho popular ao descobrir que junto a outros dois amigos de sua comunidade, eles eram os primeiros daquela região a entrar na universidade. O projeto durou dois anos e ajudou 30 jovens a serem aprovados. 

Durante sua vida de militância, além do PCB e do movimento negro, Jones participou de outros espaços de luta política, como o movimento estudantil, movimento passe livre e jornadas de junho, entre outras atividades. Questionado sobre as razões pelas quais acredita que as imagens da bandeira antifascista passaram a ter um compartilhamento massivo nas redes sociais desde o último final de semana, Jones aponta tanto para o perfil autoritário do projeto bolsonarista de governo quanto para os atos pró-democracia e antifascistas realizados no domingo (31). 

“Os atos de domingo abertamente se colocando em defesa da democracia numa perspectiva popular e antifascista, deram um gás, renovaram esperança e chamaram atenção. Eu acho que é por isso que se colocou essa ideia do antifascismo, porque não existe mais dúvidas que o projeto bolsonarista é fascista. O governo não é fascista, o Estado não é fascista, o fascismo enquanto regime político não está implantado no Brasil e nem eu acho que vai, espero estar certo, mas Weintraub, Ricardo Salles, Bolsonaro, são ideologicamente fascistas, têm uma simbologia fascista e vários grupos fascistas os apoiam”, diz.

LeiaJá também

--> Manifestos pró-democracia ganham força e unem rivais

--> A história alerta: o nazismo não deve ser saudado

--> Bolsonaro republica tuíte de Trump contra movimento antifa

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a comparar a ação da Polícia Federal no inquérito das fake news com o regime nazista. Na manhã desta quinta-feira (28), Weintraub publicou nas redes sociais uma foto de militares nazistas apontando armas para um grupo de judeus com uma mensagem comparando a cena ao Brasil atual.

"Primeiro, nos trancaram em casa. Depois, brasileiros honestos buscando trabalho foram algemados. Ontem, 29 famílias tiveram seus lares violados! Sob a mira de armas, pais viram suas crianças e mulheres assustadas terem computadores e celulares apreendidos! Qual o próximo passo?", escreveu o ministro.

##RECOMENDA##

O texto é uma clara releitura ao texto "E não sobrou ninguém", do pastor luterano Martin Niemoller. "Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me calei. Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei. Então, vieram buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei. Então, eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei. Então, quando vieram me buscar... Já não restava ninguém para protestar", diz o texto do alemão.

Não é a primeira vez que Weintraub compara a operação da PF a episódios vinculados ao holocausto. Na quarta-feira, 27, o ministro escreveu que o dia da operação seria lembrado como "a Noite dos Cristais brasileira". Noite dos Cristais é como ficou conhecida a noite de 9 de novembro de 1938, quando sinagogas, lojas e residências judias foram atacadas na Alemanha. O episódio é considerado um marco no enrijecimento a perseguição do povo judeu pelo regime nazista.

Reações

A mensagem do ministro foi contestada pelo Comitê Judaico Americano, uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, que pediu um basta no uso político do Holocausto por autoridades do governo Jair Bolsonaro. "Chega! O reiterado uso político de termos referentes ao Holocausto por oficiais do governo brasileiro é profundamente ofensivo para a comunidade judaica e insulta as vítimas e os sobreviventes do terror nazista. Isso precisa parar imediatamente", disse a associação pelo Twitter, em inglês, na quarta-feira.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também condenou a comparação de inquérito do STF à Noite dos Cristais feita por Weintraub. "Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil. A Noite dos Cristais, realizada por forças paramilitares nazistas e seus simpatizantes, resultou na morte de centenas de judeus inocentes, na destruição de mais de 250 sinagogas, na depredação de milhares de estabelecimentos comerciais judaicos e no encarceramento e deportação a campos de concentração", disse a Conib.

"As ações do inquérito, por sua vez, se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso. A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias", acrescentou a entidade no texto.

[@#galeria#@]

Um empresário do ramo de construção civil, de 65 anos, foi preso com artigos nazistas e armas no bairro Vila Paraíso, no município de Várzea Paulista, São Paulo. A Polícia Civil recebeu a denúncia de que o local funcionava como base de criminosos.

##RECOMENDA##

Durante as buscas no imóvel, realizada nessa quarta-feira (27), os policiais encontraram duas bandeiras nazista e fotos do ditador Adolf Hitler. "Vimos que ele tem uma certa fissura pela 2ª Guerra Mundial e disse que ama o Hitler. Agora, vamos trabalhar para ver como ele conseguiu essas armas, inclusive de uso restrito", verificou o delegado Marcel Fehr.

Também foi apreendido no endereço do idoso um fuzil, três espingardas, quatro revólveres, uma pistola, uma luneta e 300 munições. Ele disse que era colecionador, mas não apresentou a documentação necessária e os registros.

Ele foi preso em flagrante por porte ilegal de armas e munição de uso restrito. Sem direito à fiança, o empresário foi encaminhado ao Centro de Triagem de Campo Limpo Paulista, onde ficou à disposição da Justiça.

Em mais postura acusada de flerte com a ideologia nazista, o Governo Federal, segundo internautas, teria parafraseado o lema cravado na entrada do campo de extermínio de Auschwitz para apresentar as ações propostas para reduzir os impactos da Covid-19 no Brasil. A campanha, lançada neste domingo (11), foi criticada nas redes sociais.

Enquanto caminhavam para a morte, judeus, poloneses, ciganos e prisioneiros soviéticos olhavam para o céu pela última vez e se deparavam com a frase: "arbeit macht frei", posta no portal de onde seria o local da sua execução. Traduzido, o lema nazista significa "o trabalho liberta".

##RECOMENDA##

"'O Trabalho Liberta', em alemão 'Arbeit macht frei'. Lema encontrado nos portões de entrada do campo de extermínio de Auschwitz durante o nazismo, e também na campanha da SECOM do governo brasileiro para incentivar o cidadão a se expor ao covid. Psicopatas", criticou um internauta.

"'O trabalho liberta', frase encravada no mais famoso campo de concentração do mundo, onde milhares de seres humanos foram exterminados pelos nazistas em Auschwitz. Essa frase é utilizada novamente pelo presidente fascista e genocida em sua propaganda para matar mais brasileiros", postou Leonel Radde, policial civil do Rio Grande do Sul.

Para mostrar o trabalho durante a pandemia, a assessoria do Governo fez uma publicação atacando jornalistas e a imprensa, e postou um vídeo compilado com ações para estimular a retomada das atividades normais, mesmo com a crescente no número de casos e óbitos da doença. Aos 10 segundos finais, a peça publicitária expõe a frase: "o trabalho, a união e a verdade nos libertarão". Para usuários das redes sociais, uma referência à frase difundida durante o regime totalitarista imposto por Adolf Hitler.

Texto de ideologia nazista

Essa não é a primeira vez que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) repercute textos acusados de alusão ao nazismo. Após a recente polêmica protagonizada pela secretária da Cultura, Regina Duarte, que minimizou as atrocidades cometidas por Hitler durante uma entrevista, seu antecessor, Roberto Alvim, foi demitido em janeiro justamente por fazer um discurso semelhante ao do ministro da Propaganda da Alemanha Nazista.

No vídeo que culminou em sua saída, Alvim divulgou um concurso nacional de artes afirmando que “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada".

Já Joseph Goebbels, o líder de propaganda e idealizador do regime, declarou que “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", aponta o livro "Joseph Goebbels: Uma biografia", escrito pelo historiador Peter Longerich.

Nazismo de esquerda

Embora reassuma seus supostos valores cristãos exaltando Israel, Bolsonaro parece não conhecer a história do Estado. Em uma visita ao Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, ele foi duramente criticado pelos próprios israelenses ao afirmar que não tinha dúvidas que o nazismo era comunista. O discurso foi endossado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que explicou em entrevista que o nazismo era de esquerda.

No entanto, o ponto de virada da Segunda Guerra Mundial iniciou com a tentativa alemã de expandir pela União Soviética. A Batalha de Stalingrado, na qual o Exército Vermelho se opôs à frente de Hitler, foi um episódio chave para a derrocada do terceiro Reich.

Após a infeliz comparação, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República respondeu às acusações de que estaria se baseando no nazismo para promover o fim do isolamento social no Brasil. “Repudiamos veementemente qualquer associação desta postagem com quaisquer ideologias totalitárias e genocidas. O Estado Brasileiro sempre foi um grande parceiro da comunidade judaica, bem como do Estado de Israel, como provam os fatos, para além das ilações forçadas e maldosas”, publicou.

[@#video#@]

Um dos momentos mais tristes da história mundial é a propagação do nazismo. Apesar dos eposódios marcados por violência e discriminação, essa etapa ainda assim é saudada por algumas pessoas atualmente. O LeiaJá ouviu especialistas que explicaram o que é o nazismo, o que ele causou enquanto regime político e por que essas ideias não devem ser reverenciadas, mas repudiadas pela sociedade.

Radicalismo racista

##RECOMENDA##

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, um dos maiores do período nazista. Foto: Pixabay

O professor de história José Carlos Mardock explicou que, diferentemente do que muitas pessoas costumam achar, há distinção entre o fascismo e o nazismo, embora um se origine do outro. “Podemos afirmar que o nazismo ele é radical, é racista. O fascismo, não. O fascismo se promove como corporativista, não promove o endeusamento de uma raça”, disse ele. Segundo o professor, o contexto social pelo qual a Alemanha estava passando após a Primeira Guerra Mundial e em consequência da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, criou um cenário propício para que as ideias radicais fossem disseminadas naquela sociedade. 

“Adolf Hitler acaba se aproveitando dessa crise econômica, intelectual, ideológica e utiliza sua imagem em meio à ideologia nazista. Ele percebe claramente que a bandeira ultranacionalista vai ser capaz de recuperar a economia, vai ser vital para fortalecer, pouco a pouco, a economia da Alemanha. O nazismo é uma corrente ideológica contraditória, porque ao mesmo tempo em que ele pregava o militarismo, o ultranacionalismo, o imperialismo, fortalecimento do estado, ele também usa como característica o culto ao líder”, declarou Mardock. 

Para o nazismo consolidar os seus objetivos, o professor conta que a estratégia adotada pelos nazistas foi a criação de uma ideia dos alemães como uma raça superior e injustiçada, perseguida ao longo da história. Nesse processo, são elencados alguns inimigos da pátria, vistos como a razão do sofrimento do povo e que passam, então, a ser perseguidos pelo regime quando Hitler sobe ao poder. 

O professor Mardock também destaca que, apesar da perseguição sistemática aos judeus no Holocausto, o regime nazista perseguiu duramente diversos outros grupos. “O que o discurso de Adolf Hitler traz é a colocação dos alemães como vítimas porque foram obrigados a sustentar não somente judeus, mas negros, homossexuais, ciganos… A historiografia evidencia os judeus, até pelos efeitos do Holocausto, que matou 6 milhões só de judeus. Só que a guerra, o confronto direto entre alemães e russos, por exemplo, causou a morte de 20 milhões de russos. Até porque no discurso de Hitler havia a ideia do lebensraum, que significa espaço vital. Como ele avalia isso? Diz que no passado, desde a formação do primeiro Reich até o segundo Reich, os arianos foram perseguidos. Então nós temos aí ingleses, franceses, Países Baixos, como os holandeses, que retalharam o território ariano, então o que ele faz na década de 30 é recuperar e proteger a raça que foi perseguida. Portanto, os judeus são apenas a comunidade que mais se destaca em filmes, documentários, propagandas, mas não é a única”, disse Mardock. 

Negação do outro

Na Alemanha nazista, os judeus eram obrigados a usar estrelas amarelas nas roupas para serem diferenciados dos outros cidadãos. Foto: USHMM

Karl Schuster é historiador e professor há 17 anos, fez pós-doutorado em História Contemporânea pela Universidade Livre de Berlim e atualmente é livre docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Ele define o nazismo como um fenômeno político clássico dos anos 30 e 40 que apresenta ressurgência no presente como princípio e também como “um princípio filosófico que é a negação da alteridade, a negação do outro”. 

“Toda tentativa veemente de negar o outro é nazista, é por isso que ele sobrevive ao tempo. Por isso o nazismo dos anos 30 e 40 termina como Estado, mas não como princípio. É uma sombra permanente em sociedades que lutam por democracia”, afirmou o professor. Ele continua explicando que o nazismo é também um estado de guerra permanente contra o que ele chama de “outro conveniente”. 

“O fenômeno do nazismo constrói a ideia de um inimigo nacional criado, imaginário. Um outro conveniente, para explicar por que o país está mal, por que tem violência, por que a economia está mal. Ele construiu a ideia do outro conveniente que explicasse por que a Alemanha estava em crise, do outro estereotipado, o judeu. Isso foi fundamental para explicar a ideia de que a sociedade era dividida em raças, que havia raças superiores e que uma delas deveria ser exterminada para atingir o sucesso, o sistema político guarda espaço para construir esses outros”, explicou o professor Karl.

Na visão do docente, atualmente no Brasil, apesar de não haver claras ações de organizações de grupos nazistas, podemos observar ideias de negação do outro entre as pessoas na sociedade e também sendo proferidas por autoridades da república. Para ele, esse tipo de atitude sendo cometida por pessoas que estão em posição de comando tem um efeito de autorização para o restante da população apresentar um comportamento de segregação dos diferentes. 

“O princípio está nos agentes políticos, eles expõem suas falas na sociedade e autorizam a sociedade a agir. Se pessoas que são do aparelho de estado falam que não há espaço para a minoria, a sociedade vai respeitá-las? Não temos nazismo hoje no Brasil, mas temos hoje ações políticas fascistas veladas dentro da democracia. O discurso autorizado da fala legítima autoriza a perseguição aos grupos minoritários. Você não pode procurar o fascismo nos moldes dos anos 30. Bolsonaro não vai dizer ‘eu sou fascista, eu sou nazista’, mas ele vai expressar ideias fascistas e vai autorizar que outras pessoas façam isso em nome dele”, afirmou o professor Karl. 

Apesar de responsabilizar os governantes, o professor vai além da classe política quando classifica as figuras que podem ser interpretadas como autoridades de fala legítima. “Essa fala da autoridade legítima não está só na autoridade de estado, ela vai do professor, aos pais com os filhos em casa. O fascismo é sedutor e usa artifícios de sedução como a fala organizada para conseguir ganhar apoio, no primeiro aspecto de crise da sociedade, ela busca um culpado coletivo e nega sua existência, a convivência com o outro”, disse o professor.

O impacto social que a incidência de ideias desse tipo tem na sociedade, para Karl, é nefasto. “Conviver com a diferença não é uma opção, mas uma necessidade de todas as sociedades. O fascismo na sociedade tira de você a possibilidade de reconhecer o outro e consequentemente sem nenhum tipo de reconhecimento, sua responsabilidade pelo outro é zero. Os meios de comunicação são outro meio do nazismo exercer a violência sem a violência física. Esse fascismo que nega, pune e usa esses meios de comunicação tanto para ser violento quanto para conseguir adeptos. Especialmente na deep web”, afirmou ele. 

Oportunidade pedagógica 

Exemplar de "O Diário de Anne Frank", jovem judia que foi morta pela polícia nazista na Holanda depois de passar anos escondida com sua família e registrou tudo em um diário publicado por seu pai. Foto: Wikipedia

Combater a disseminação de ideias que ferem os direitos humanos é uma missão de toda a sociedade e, especialmente no que diz respeito a jovens em idade escolar, exige o planejamento de estratégias de educação que levem conhecimento à formação de uma ideia de cidadania e empatia. 

Fábio Paiva é professor de pedagogia há 17 anos, já atuou no ensino básico e atualmente trabalha na UNINABUCO – Centro Universitário Joaquim Nabuco. Na opinião dele, a disseminação de ideias antidemocráticas é um problema que vem crescendo nos últimos anos, especialmente através da internet e por meio da dispersão de conteúdos que buscam promover uma nova versão dos fatos históricos. Ele vê também uma certa simpatia de certos setores da sociedade a ideias autoritárias.

Na opinião do especialista, comportamentos como a realização de saudações nazistas em escolas correm risco de se dispersar e ganhar mais força quando não recebem uma resposta adequada por parte da instituição de ensino e da família. “Se eu tenho uma sala de aula e um dos conteúdos necessita de maior atenção, mais aulas, que faça mais atividades e outras estratégias diferentes para aprofundar e ampliar o conteúdo para que ele seja melhor absorvido dentro de uma necessidade”, explicou ele.

Para Fábio, um caso grave como a exaltação a um regime autoritário e assassino como foi o nazismo é uma oportunidade pedagógica de trabalhar melhor um determinado conteúdo em profundidade com toda a comunidade escolar, e exigiria uma resposta séria. “A escola, depois de uma questão dessas, especialmente pela repercussão, devia ter parado suas atividades em todos os turnos que ela ensina por no mínimo uma semana, chamado especialistas, exibido filmes, chamado os pais obrigatoriamente para que os pais participassem das discussões. É um ato educacional a escola entender que tem responsabilidade nesse caso, assumir essa responsabilidade e se aproximar desses estudantes para que eles compreendam melhor o que fizeram. Isso é educação, e não fugir do assunto”, afirmou o pedagogo.

Para o professor Karl Schuster, apenas a educação não basta para que as ideias violentas e totalitárias que dão sustentação ao nazismo não sejam trazidas à tona na sociedade. “Foi uma doce ilusão achar que apenas a educação formal seria capaz. Adorno tem uma frase muito interessante: é impossível falar de poesia depois de Auschwitz. Não há outra forma da educação ser um instrumento contra o nazismo sem ser pela responsabilização. A ideia de que eu preciso reconhecer e entender o outro é insuficiente, mas quando você se responsabiliza, você faz o indivíduo se engajar, lutar, se tornar responsável. Sem isso é impossível vencer o fascismo. É preciso ser por uma luta, uma luta pelo reconhecimento, responsabilização pelo outro. É por uma união de empatia e ação. O antídoto contra o fascismo está em a gente reconhecer o outro, nós precisamos fazer junto”, declarou ele. 

Por sua vez, o professor Mardock afirma que ter a história como um norte para não esquecer o que foi feito de errado no passado e assim evitar os mesmos erros é essencial para que a sociedade avance.  “Quando você percebe jovens, políticos, reproduzindo esse tipo de discurso, a sociedade chega a estremecer. Ainda hoje há sobreviventes do holocausto, como é que você pode valorizar um capítulo ruim da sociedade? A sociedade não pode esquecer, mas deve usar essas características para que sociedades futuras não repitam o mesmo capítulo. Então é fundamental que agora vários segmentos da sociedade possam voltar a discutir o que aconteceu”, afirmou ele. 

LeiaJá também

--> Alunos fazem saudações nazistas em escola do Recife

--> No Recife, Colégio Núcleo é acusado de transfobia

--> Sobreviventes de Auschwitz lançam alerta

--> Discurso nazista de Roberto Alvim repercute no mundo

[@#galeria#@]

Um polêmico desfile carnavalesco na Espanha gerou indignação de alguns usuários das redes sociais e causou desconforto entre o país ibérico e Israel. Com o tema holocausto, uma das alas apresentou um carro alegórico representando um crematório, enquanto membros dançavam música eletrônica fantasiados de nazistas e judeu prisioneiros.

##RECOMENDA##

O Carnaval do povoado de Campo de Criptana foi marcado pelo desfile do último domingo (23). O modo como a Associação Cultural El Chaparral de Las Meses abordou a temática levantou debate sobre o antissemitismo e a banalização da morte de seis milhões de judeus.  

Após a repercussão da polêmica, os responsáveis pelo grupo se desculparam publicamente. "A mensagem de consideração e respeito que queríamos transmitir, possivelmente não foi entendida como esperávamos ou até mesmo, não fomos capazes de transmiti-la ou não foi feita através dos meios certos", foi publicado na conta da Associação Cultural El Chaparral.

O tiro pela culatra gerou desconforto com a embaixada israelense, que condenou o que considerou uma “representação vil e repugnante”. A ministra espanhola de Relações Exteriores, Arancha González Laya, declarou que sente-se “horrorizada com o desfile” e reafirmou o combate à banalização do sofrimento.

Acompanhe

[@#video#@]

Quando o Exército soviético chegou a Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945, o mundo recebeu em choque a confirmação de que os nazistas mantinham um gigantesco campo de concentração na Polônia. Em operação desde 1940, Auschwitz fazia parte de uma rede de extermínio lançada como parte da "solução final" de Adolf Hitler, que abriu caminho para o genocídio de 6 milhões de judeus.

Na verdade, os Aliados já haviam recebido informações sobre o genocídio de judeus. Em dezembro de 1942, o governo da Polônia no exílio, em Londres, apresentou um documento intitulado O extermínio em massa de judeus na Polônia ocupada pela Alemanha, incluindo relatos detalhados de membros da resistência polonesa. Mas o texto despertou suspeitas.

##RECOMENDA##

"Os Aliados simplesmente não acreditaram em muitos desses relatórios", disse o professor Norman Davies, historiador britânico da Universidade de Oxford. "Eles foram considerados exagerados ou como parte da propaganda de guerra polonesa."

"Apesar dos pedidos de poloneses e judeus, de Londres e Washington, para bombardear as ferrovias que levavam a Auschwitz e a outros campos de extermínio, os comandantes aliados preferiam se concentrar em objetivos militares, não em questões civis", contou Davies.

"Um dos alvos que o Exército britânico bombardeou foi uma fábrica de combustível sintético perto de Auschwitz, em 1943 e 1944", disse o historiador. "Embora aviões de combate britânicos tenham sobrevoado o campo de extermínio, nenhuma ordem de bombardeio foi dada."

O professor polonês Dariusz Stola, especialista em história dos judeus da Polônia, também relata o desinteresse do comando aliado. "Os chefes militares não gostavam que os civis interferissem em seus assuntos", disse. "Para os comandantes aliados, bombardear Auschwitz ou suas linhas de suprimento parecia uma operação humanitária. E eles não queriam."

Para alguns sobreviventes, o pesadelo dos campos de concentração ainda está vivo. "Os soldados alemães nem precisavam mais apontar o dedo para enviar alguém para a câmara de gás", lembra Bronislawa Horowitz-Karakulska, de 88 anos, polonesa que ficou presa em Auschwitz aos 12 anos com sua mãe. "Quem parecia fraco, magro e ossudo era escolhido para morrer." Ela sobreviveu porque sua mãe subornou os guardas alemães com um diamante que ela conseguiu levar para o campo. "Havia muitos soldados, cães latindo, agitação, medo. Auschwitz foi um horror."

Encontro

Nesta segunda-feira (27) muitos outros sobreviventes se reunirão em Auschwitz para lembrar a libertação do campo de extermínio, onde a Alemanha nazista matou mais de um milhão de pessoas, a maioria judeus. Chefes de Estado e de governo de 60 países e representantes de várias casas reais estarão no sul da Polônia para assistir às cerimônias, marcadas por disputas políticas e pela ausência de líderes das grandes potências.

Um dos principais ausentes será Israel, que realizou seu próprio fórum do Holocausto em Jerusalém, na semana passada, com a participação do vice-presidente dos EUA Mike Pence, do presidente francês, Emmanuel Macron, e do líder russo, Vladimir Putin. Nenhum deles estará nesta segunda em Auschwitz.

No mês passado, o presidente russo causou indignação ao afirmar que a Polônia agiu em conluio com Adolf Hitler e contribuiu para o início da 2.ª Guerra. Na verdade, o conflito começou quando a Alemanha e a União Soviética invadiram a Polônia, em setembro de 1939, sob a proteção secreta do Pacto Molotov-Ribbentrop - acordo de não agressão entre Berlim e Moscou.

Indignado, o presidente polonês, Andrzej Duda, acusou Putin de tentar reescrever a história e não compareceu aos eventos em Jerusalém, já que os israelenses não lhe deram a possibilidade de responder. Nesta segunda, ele fará um discurso em homenagem aos 6 milhões de judeus mortos no Holocausto. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado Marcelo Calero (Cidadania/RJ) protocolou representação no Ministério Público do Distrito Federal contra o ex-secretário especial da Cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, "pelo discurso com apologia nazista" - ao divulgar em canal institucional do Youtube, o Prêmio Nacional das Artes de 2020, na último dia 16.

Na representação, Calero, ex-ministro da Cultura no governo Temer, requer apuração dos fatos e responsabilização penal e civil administrativa de Alvim - "o que inclui as sanções por improbidade, a reparação decorrente dos gastos com a inadmissível publicidade e a condenação à reparação ao dano moral coletivo existente".

##RECOMENDA##

Na semana passada, Alvim foi demitido depois que postou vídeo em que parafraseou Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler.

"O ato do ex-secretário é incompatível com a sociedade brasileira, e o Estado deve responder de forma exemplar, enérgica e pedagógica para que isso jamais volte a acontecer em nosso País", declarou Calero.

Ainda segundo a representação protocolada nesta quinta-feira (23), no Ministério Público, "as referências ao nazismo, ainda mais quando feitas por uma alta autoridade pública encarregada da cultura nacional, não podem em hipótese alguma ser toleradas".

O deputado assinala, ainda, que "nesse cenário, a indiferença é algo que não cabe, devendo haver o uso de todas as formas possíveis de responsabilização do autor do fato ilícito para que se sinalize a todos os cidadãos brasileiros e demais Estados Soberanos da Comunidade Internacional que os compromissos históricos brasileiros com a dignidade humana continuam sólidos, íntegros e que não houve e nem haverá qualquer guinada na forma do país em se posicionar contra os horrores do nazismo".

Calero argumenta que "o momento inspira diálogo, busca de convergência e entendimento". "A tradição brasileira é de harmonia nas relações entre os povos e de respeito à pluralidade. Não vamos deixar que ações como esta nos tirem do caminho de fazer um Brasil melhor", disse.

No dia 17, em entrevista à Rádio Gaúcha, Roberto Alvim pediu perdão e disse que não houve "associação intencional com o nazismo". Segundo ele, houve "uma infeliz coincidência retórica".

A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu em flagrante um homem de 55 anos acusado de fazer apologia ao nazismo. Ele foi denunciado após pendurar uma camiseta com a suástica na janela de casa, em São José, na Grande Florianópolis. Com ele foram apreendidos outra camiseta com o símbolo nazista, livros, computador e celulares.

Segundo o delegado Deonir Moreira Trindade, da Central de Plantão Policial, o homem já era conhecido por manifestar ideais em redes sociais. Agora, as investigações vão analisar se ele tem ligações com outros grupos supremacistas. Após passar por audiência de custódia e ter o flagrante homologado, o homem foi liberado.

##RECOMENDA##

"A própria Polícia Militar informou que ele já era conhecido por defender ideais nazistas, inclusive na internet. No domingo, após ele ser flagrado ostentando uma camiseta com o símbolo nazista, pedi um mandado de busca que foi prontamente atendido pelo judiciário", explicou Trindade.

Ao ser detido, o homem tentou se justificar alegando "liberdade de expressão". Ele foi enquadrado no artigo 20 da lei 7.716/89, que veda a distribuição ou veiculação de símbolos ou ornamentos que utilizem a cruz suástica ou gamada para fins de divulgação do nazismo.

Natural de São Paulo, ele já respondeu na Justiça catarinense por ameaça contra um ex-empregador e, em janeiro de 2019, teve um inquérito instaurado pelo Ministério Público catarinense por desacato contra policiais militares. Ele teria xingado agentes que atendem pelo telefone de emergência 190. Ele vive sozinho em São José e, segundo o delegado, ele próprio se definiu como "um lobo solitário".

Nesta terça-feira (21), Anderson França, colunista da Folha de São Paulo, foi criticado pela dupla Maiara e Maraisa. No texto "Silêncio sobre Roberto Alvim reinou entre o pessoal do axé, do sertanejo e do pagode", Anderson publicou uma charge que mostrou as cantoras usando uma braçadeira com uma suástica nazista. Após a repercussão, elas se pronunciaram.

Em uma nota divulgada nas redes sociais, Maiara e Maraisa afirmaram que irão tomar medidas judiciais. "Associar a dupla ao nazismo é uma grande irresponsabilidade e uma agressão as cantoras que repudiam toda e qualquer atitude que remeta a essa época tão sombria da história. [...] O departamento jurídico das artistas já foi acionado para que os responsáveis respondam juridicamente pelos seus atos", diz um trecho do comunicado.

##RECOMENDA##

A Folha de São Paulo também falou sobre o assunto. Abaixo do texto de Anderson, o jornal se retratou: "A Folha pede desculpas à dupla Maiara e Maraisa pela ilustração de autoria de Anderson França publicada em artigo do colunista nesta terça (21). Não há na biografia da dupla nada que possa associá-la ao símbolo odioso que foi inserido. A ilustração já foi retirada do ar, em respeito à dupla e também por não coincidir com a orientação editorial do jornal".

[@#video#@]

Um homem foi preso em flagrante por fazer apologia ao nazismo ao pendurar uma camiseta com o símbolo nazista na porta de sua casa. O caso aconteceu no último domingo (19), em São José, na Grande Florianópolis, Santa Catarina. Cumprindo mandado de busca e apreensão, a Polícia Civil encontrou materiais com a suástica do movimento liderado por Adolf Hitler.

A polícia confirma que, ao ser questionado sobre a camiseta, o homem disse que tinha "liberdade de expressão e usava e pendurava o que bem entendesse". O  caso foi encaminhado ao Judiciário e o nome do acusado não foi divulgado oficialmente. 

##RECOMENDA##

O site NSC lembra que, pela lei 7.716, o ato de fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo é crime. A pena é de dois a cinco anos de prisão e multa.

Depois do secretário da Cultura Roberto Alvim ter sido demitido por parafrasear o ministro da propaganda da Alemanha Nazista Joseph Goebbels, o Filósofo Olavo de Carvalho diz que o "discurso do Alvim não tem, por si, nenhum conteúdo nazista ou racista". Além disso, o guru ideológico do Bolsonaro afirma que o secretário foi enganado por algum "funcionário sacana" e "esquerdista". 

Olavo diz ainda que o funcionário que fez isso foi o responsável por avisar aos jornalistas "que, esfregando as mãos de prazer, deu no Alvim o tiro de misericórdia. Interroguem esse jornalista e acabarão sabendo de onde veio a coisa toda", escreveu o filósofo.

##RECOMENDA##

Olavo diz que o caso do Alvim deve servir de alerta aos futuros ocupantes do cargo. "Não confiem em funcionários esquerdistas. Eles são desleais por obrigação", diz Olavo.

LeiaJá também

-> Roberto Alvim é demitido após vídeo alusivo ao nazismo

-> Atriz Regina Duarte pode ocupar Secretaria de Cultura

Depois da repercussão negativa do vídeo do, então, secretário da cultura Roberto Valim, que parafraseou Joseph Goebbels - ministro de propaganda da Alemanha nazista - a #ForaBolsonaro figura entre os assuntos mais comentados do Twitter. Muitos internautas avaliam que o atual governo é uma representação de "adoradores do nazismo".

Por mais que alguns apoiadores do atual governo apontem que o discurso de Roberto Valim foi uma coincidência histórica, os internautas que pedem a saída de Jair Bolsonaro (PSL) do cargo dizem que o que aconteceu não foi coincidência e é "uma tentativa de impor um regime autoritário". 

##RECOMENDA##

-> Roberto Alvim é demitido após vídeo alusivo ao nazismo

Por volta das 20h desta sexta-feira (17), a hashtag já tinha sido tuitada por mais de 12 mil pessoas, se tornando o segundo assunto mais relevante da rede social. Confira alguns desses tuítes:

[@#video#@]

Nesta sexta-feira (17), internautas e personalidades se irritaram com Roberto Alvim, que citou no seu discurso sobre o Prêmio Nacional das Artes algumas palavras de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler durante o governo nazista na Alemanha. 

Após Roberto ser exonerado do cargo de Secretário de Cultura da atual gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), José de Abreu soltou o verbo nas redes social. No seu perfil do Twitter, ele escreveu: "Nem o mentecapto capitão aguentou o Roberto Alvim [risos]. Procura Cristo, colega!". 

##RECOMENDA##

Já no Instagram, José de Abreu republicou a explicação de Alvim sobre o discurso polêmico, afirmando que tudo não passou de uma coincidência retórica. "Grande filho da outra. Ta com o koo na mão! A culpa é da esquerda? Canalha, corrupto!", criticou o ator. Assim como José de Abreu, Luciano Huck e Zélia Duncan, entre outros artistas, repudiaram a fala do ex-secretário. 

[@#video#@]

Em meio à repercussão do discurso nazista do, agora ex-secretário especial da cultura, Roberto Alvim, a conta oficial do PSDB relembrou uma entrevista de 1994 em que o ex-presidente Lula (PT) afirmou que admirava o líder nazista Adolf Hitler. Na época, o petista disse à revista Playboy que "mesmo errado", Hitler tinha aquilo que ele admirava em um homem: "O fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer". 

[@#video#@]

##RECOMENDA##

O PSDB lembrou dessa declaração e ainda afirmou que "a admiração pelo nazismo não é exclusividade de alguns da cúpula desse governo", em referência ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A declaração de Lula, que na época tentava ser o presidente do Brasil, preocupou o comando da campanha presidencial do PT. Quando questionado pela Folha de São Paulo em 1994, o petista disse que desconhecia a entrevista. 

  LeiaJá também

-> Roberto Alvim é demitido após vídeo alusivo ao nazismo

-> Discurso nazista de Roberto Alvim repercute no mundo

O vídeo de Roberto Alvim simulando o discurso de Joseph Goebbels - que era ministro de propaganda da Alemanha nazista - está repercutindo na imprensa do mundo todo. O The New York Times classificou a reação popular ao vídeo como o mais recente caso de "debate mais amplo sobre a liberdade de expressão e cultural na era Bolsonaro".

-> Artistas repudiam o secretário da cultura Roberto Alvim

##RECOMENDA##

Até na Alemanha, onde o Nazismo foi disseminado, o caso também foi noticiado. A revista Der Spiegel afirmou se opor a qualquer tentativa de "banalizar ou mesmo glorificar o tempo do nazismo. 

Já que Alvim, até ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, era o secretário de cultura, o jornal britânico The Guardian o descreveu como um aliado do governo Bolsonaro na "guerra cultural". O jornal também mencionou o silêncio do presidente Bolsonaro nas redes sociais, meio que é muito ativo quando quer se posicionar sobre algo. 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando