Os partidos de esquerda, centro e direita se uniram ao atual presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM), na tentativa de vencer o deputado Arthur Lira (PP), que conta com 191 deputados e é apoiado por Jair Bolsonaro para comandar a casa.
O grupo de Maia, que ainda não definiu quem será o candidato, é formado pelas bancadas do DEM, PSDB, MDB, PSL, Cidadania, PT, PSB, PDT, PCdoB, PV e Rede. O PSOL decidiu não se juntar ao bloco e deve lançar candidatura própria
##RECOMENDA##
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tenta fazer com que o PSOL, que tem 10 deputados na Câmara, se junte ao bloco para fortalecer a luta contra o Arthur Lira. Para isso, ela fala da possibilidade da indicação de alguma mulher para ser candidata à presidência, entre elas Luiza Erundina (PSOL).
“Mais que na hora de uma mulher ter protagonismo na disputa pela presidência da Câmara. Na esquerda temos companheiras valorosas: Benedita da Silva, Lidice da Mata, Luiza Erundina, se o PSOL estiver no bloco. Todas com grande experiência parlamentar, vivência e conhecimento da Casa”, diz.
O deputado Carlos Veras (PT) disse, em entrevista ao LeiaJá, que, neste bloco, pode haver mais de uma candidatura, desde que esses candidatos estejam alinhados com os eixos programáticos do partido como a defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora, por exemplo.
Veras explica que a construção do bloco não obriga que todos os partidos alinhados apoiem o mesmo candidato e que só, havendo o segundo turno das votações, haja o realinhamento. O deputado aponta que o que eles estão querendo fazer é impossibilitar que Bolsonaro interfira na independência da casa.
"Nós não podemos ter um presidente para colocar em pauta apenas o que Bolsonaro quer e da forma que ele quer - não precisamos de dois bolsonaros", salienta o petista.
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Em carta divulgada neste sábado (19), Rodrigo Maia afirmou que o grupo tem muitas diferenças "porque, diferente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático", escreveu.
Para ganhar a eleição no primeiro turno, é preciso de 257 votos. Mesmo sem o PSOL, o bloco de Maia tem 281 deputados, no entanto, como a votação é secreta, não tem como garantir se todos os deputados, mesmo o partido integrando o grupo, vá seguir a indicação.
O Diretório Nacional do PSB, por exemplo, recomendou que seus deputados não votem em nenhum candidato apoiado por Bolsonaro, no entanto, existe um racha entre os pessebistas. Uma ala, comandada pelo líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon, se movimenta para fortalecer o grupo de Maia.
No outro lado, o deputado Felipe Carreras comanda uma ala do PSB que defende o apoio ao Arthur Lira. Sonda-se que, dos 31 deputados pessebistas, 18 estejam unidos com Carreras.
"Sou filiado há 26 anos ao PSB, meu único partido. Não reconheço a liderança de Molon na condução do processo sucessório na mesa. Ele falta com a verdade em relação a decisão da nossa bancada. Não vamos aceitar o seu posicionamento e submissão. Ele fraturou a bancada", afirma Felipe Carreras.
Mesmo declarando voto em Lira, Carreras assevera que é oposição ao governo. "Veja a que ponto chegou a oposição em nosso país: na sucessão da casa, as siglas desse campo estão esperando a decisão de Rodrigo Maia e sendo liderados por ele", aponta.
O deputado Tadeu Calheiros (PSB) confirma que há esse racha no partido, mas não sabe dizer qual a proporção disso e quantos deputados estariam ao lado de Arthur Lira. "Houve uma recomendação do diretório (em não votar em Lira), mas não houve um fechamento de questão e, naturalmente, alguns deputados vêm cogitando a ideia de votar no Arthur Lira", esclarece.
No entanto, o deputado reconhece que, mesmo o diretório não impondo o fechamento de questão, essa recomendação não pode ser ignorada. Tadeu avalia que respeita e segue as decisões do partido e não deveria ser rejeitado. "Ainda mais com essa característica que foi uma decisão unânime, sem contestações, mas vai ter gente que vai entender que não estariam obrigados a observá-la", pontua.
Os deputados Baleia Rossi, que é presidente do MDB, e Aguinaldo Ribeiro (PP), líder da Maioria, são os parlamentares apoiados por Rodrigo Maia para a sucessão na Câmara dos Deputados.