Tópicos | mandato

O deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), o Mamãe Falei, decidiu renunciar ao mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo. "Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos", disse o deputado, que se referiu a refugiadas ucranianas com falas machistas e sexistas. Os áudios foram divulgados e deram origem a um processo de cassação.

No dia 12, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa decidiu, por unanimidade, acatar o relatório que pedia a cassação do mandato do deputado.

##RECOMENDA##

A renúncia anunciada por Arthur do Val não interrompe o processo.

O caso ainda será analisado pelo plenário da Assembleia. "Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições", disse Arthur do Val.

Ele afirmou ainda ter sido vítima de um processo "injusto e arbitrário" na Alesp.

Votado em regime de urgência no Conselho de Ética, a punição foi sustentada pelo relator, deputado Delegado Olim (PP), com base em três denúncias: captação irregular de recursos para uma entidade civil; confecção de coquetéis molotov e o envio de áudios depreciativos às mulheres ucranianas.

Os áudios de Arthur foram divulgados no início de março, quando o parlamentar estava na Ucrânia enviado pelo Movimento Brasil Livre (MBL).

Nas gravações, de teor machista, o deputado afirmou que as mulheres ucranianas eram "fáceis porque eram pobres". "São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas 'minas', em dois grupos de 'mina'. É inacreditável a facilidade. Essas 'minas' em São Paulo você dá bom dia e ela ia cuspir na sua cara e aqui são super simpáticas", disse.

O conteúdo também incentivava a realização de turismo sexual, já que o político afirmou que voltaria ao país após a guerra.

O julgamento que pauta o registro de candidatura do prefeito Marcos Xukuru (Republicanos) voltou a andar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância máxima da Justiça Eleitoral. Desde 2021, a parte do processo que trata de outras ações sobre o prazo de inelegibilidade do líder indígena estava sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF).  

O político, mais votado em 2020 para a Prefeitura de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, foi impedido de assumir o posto com base na Lei Complementar 64/1990, após ter sido condenado, em segunda instância, por participação em incêndio provocado em 2003. O impasse é a forma de calcular o tempo de inelegibilidade. Assim, Xukuru já perdeu quase metade do mandato, em um julgamento lento e feito em partes há dois anos. 

##RECOMENDA##

No novo despacho, o ministro do TSE Sérgio Silveira Banhos sinaliza a retomada. No STF, a conclusão da ação ocorreu em março deste ano, com definição sobre o cálculo do prazo. O processo agora será encaminhado ao gabinete do Ministro Carlos Horbach para elaboração de voto. 

Em agosto de 2021, o relator, ministro Sérgio Banhos, disse que “o crime de incêndio, por estar inserido no capítulo do Código Penal que trata dos crimes contra a incolumidade pública, não se afasta da esfera dos delitos praticados contra o patrimônio. Pelo contrário, tal circunstância somente intensifica a repercussão gravosa da conduta, porquanto os bens tutelados no caso são, além do patrimônio, a vida e a integridade física de outrem, os quais se inserem no espaço de proteção do art. 1º, I, e, da LC 64/90”. 

Confira a íntegra do despacho 

Trata-se de recurso especial interposto por Marcos Luidson de Araújo (ID 62220138) em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (ID 62218938) que, por maioria, proveu recurso eleitoral para reformar a sentença exarada pelo Juízo da 55ª Zona Eleitoral e julgar procedente impugnação a fim de indeferir o registro da candidatura do recorrente ao cargo de prefeito do município de Pesqueira/PE, em razão da incidência da inelegibilidade descrita no art. 1º, I, e, da Lei Complementar 64/90, decorrente de condenação pelo crime de incêndio a residência particular, descrito no art. 250, § 1º, a, do Código Penal. 

Considerando a cessação do sobrestamento do feito determinada pelo Ministro Luís Roberto Barroso, em razão da conclusão de julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.630, a Presidência determinou-me a remessa dos autos (ID 157355592). 

Compulsando os autos, verifico que o julgamento do recurso especial iniciou-se em Sessão Virtual de 16 a 18.12.2020, no qual votei no sentido de desprovimento do apelo, sucedendo pedido de vista do Ministro Luís Roberto Barroso (ID 65503838). 

Em seguida, na Sessão Virtual de 18.12.2020, o vistor acompanhou o relator, tendo sido o processo retirado do julgamento por meio eletrônico, em razão do pedido de destaque formulado pelo Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto (ID 66126488). 

Em face desse cenário, encaminhem-se os autos ao gabinete do Ministro Carlos Horbach, sucessor do Ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, tendo em vista o julgamento do recurso especial já iniciado e o ulterior pedido de destaque formulado nos autos. 

Publique-se. 

Intime-se. 

Ministro Sérgio Silveira Banhos 

Relator

Está marcada para esta terça-feira (12), no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a votação do relatório que pede a cassação do deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei (União Brasil), em razão de mensagens em áudio, gravadas pelo parlamentar, com declarações sexistas sobre mulheres ucranianas. O texto, feito pelo deputado estadual Delegado Olim (PP-SP), será lido em sessão marcada para às 14h.

Nos áudios atribuídos ao deputado há declarações de que as mulheres ucranianas são fáceis de pegar por serem pobres. “Elas olham e vou te dizer: são fáceis porque elas são pobres, e aqui a minha carta do Instagram cheia de inscritos funciona demais. É inacreditável a facilidade. Essas minas em São Paulo, você dá bom dia e elas vão cuspir na tua cara, e aqui elas são super simpáticas, super gente boa”, diz parte do áudio.

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com Arthur, à época, pré-candidato ao governo paulista, a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas que “a melhor balada do Brasil na melhor época”. Mamãe Falei é alvo de 21 representações por causa de seus comentários, datados em março deste ano.

Para que Arthur do Val perca o mandato é necessário que a maioria simples do Conselho concorde com o parecer antes da sessão plenária decidir. Além de contar com o relator, a cúpula é formada por outros oito membros efetivos. Caso haja decisão do colegiado pela perda de mandato, temporária ou permanente, a Mesa Diretora da Casa deverá aprovar a resolução.

Em seguida, o caso segue para o plenário da Alesp, onde será necessário o voto da maioria dos deputados para que Arthur do Val perca o cargo. A Assembleia Legislativa de São Paulo conta com 94 deputados.

A ex-namorada de Arthur do Val, Giulia Passos Blagitz, prestou depoimento na última semana ao Conselho de Ética, como testemunha de defesa do deputado. Eles terminaram o relacionamento logo após a polêmica. Passos condenou a atitude do ex-companheiro e a descreveu como “falta de respeito”. Outros assuntos foram abordados com a testemunha, mas não foram divulgados.

 

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) afirmou, na manhã desta segunda-feira (4), que a bancada do PSOL na Câmara vai entrar com pedido de cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) no Conselho de Ética.

O pedido acontece após o filho "zero três" do presidente Jair Bolsonaro (PL) debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a época da ditadura militar no Brasil. 

##RECOMENDA##

Em resposta a uma matéria feita por Miriam onde ela compara o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro, chamado pela jornalista de "inimigo da democracia", Eduardo postou em seu twitter: "Ainda com pena da cobra". O parlamentar se referia a uma jiboia usada pelos militares para torturar Leitão, que estava grávida de um mês na época.

Isso foi necessário para que os pessolistas pedissem a cassação do filho do presidente. "Eu e a bancada do PSOL na Câmara entraremos com pedido de Cassação de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética. É inadmissível a agressão à jornalista Miriam Leitão, a apologia à tortura e à violência contra mulher. Basta de impunidade", pontuou Ivan Valente.

O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) confirmou nesta quarta-feira, 23, por seis votos a um, a decisão cautelar que, na prática, encurtará o mandato do indicado para ocupar a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), caso seu nome seja aprovado pelo Senado. A maioria da Corte seguiu o entendimento do ministro Walton Alencar Rodrigues, que determinou que o prazo do mandato de Carlos Manuel Baigorri, escolhido pelo Planalto para chefiar a Anatel, desconte o período de atuação de Baigorri como conselheiro da Anatel, função que ocupa desde outubro de 2020. Divergiu do relator somente Jorge Oliveira, ministro indicado por Jair Bolsonaro (PL) ao TCU.

No julgamento, Walton Alencar Rodrigues, decano do TCU, argumentou que, no caso concreto, há expressa previsão legal envolvendo o prazo de mandato, e isso atrairia a competência do TCU para analisar o caso. "Vislumbrei que havia uma ilegalidade ao ver perdurar mandatos de conselheiros que ocupam cargos em comissão nas agências reguladoras por períodos que extrapolam os limites estabelecidos pela lei das agências." Ele foi acompanhado pelos ministros Bruno Dantas, Vital do Rêgo, Antonio Anastasia, André Luís de Carvalho e Augusto Sherman.

##RECOMENDA##

De acordo com Jorge Oliveira, o mandato não se vincula ao indicado, mas somente ao cargo. Ele defendeu que a legislação veda recondução para o mesmo cargo. "Neste caso, isso não ocorre, pois é outro cargo, com indicação à presidência e não à diretoria", defendeu o ministro, ao divergir do relator.

A decisão tem potencial de mexer com escolhas do governo Bolsonaro para vagas em agências reguladoras e, como mostrou ontem o Broadcast Político, gerou incômodo no governo e entre senadores, por considerarem a posição na Corte uma intervenção fora das competências do TCU.

O imbróglio tomou proporções maiores no início da semana, quando Rodrigues, horas antes da sabatina de Baigorri, determinou a suspensão da indicação do conselheiro à presidência da Anatel. O despacho saiu na segunda-feira, 21, à noite, mas foi revisto pelo ministro menos de 12 horas depois, o que permitiu que a Comissão de Infraestrutura do Senado ao menos iniciasse a sabatina de Baigorri na terça-feira, 22, pela manhã. Foi nesta segunda decisão que Rodrigues condicionou a indicação ao "desconto" no mandato da futura presidência.

Antes dos despachos do ministro, a Advocacia-Geral da União (AGU) havia argumentado que os cargos de conselheiro e de presidente da agência são distintos e que, portanto, não haveria impedimento para Baigorri ocupar a chefia da Anatel pelo prazo de cinco anos.

O ministro, no entanto, seguiu a avaliação da área técnica do TCU. A discussão surgiu de uma representação formulada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Hídrica do tribunal, que questionava especificamente a indicação de Baigorri. Na visão da unidade técnica, o encaminhamento do governo afronta a definição legal de que o mandato de diretores de agências reguladoras é de cinco anos.

O presidente Joe Biden reconheceu nesta quarta-feira (19) os erros diante da pandemia, que ainda atinge os Estados Unidos, mas elogiou um ano de "enorme progresso" na economia americana, ao fazer um balanço de seu primeiro ano de mandato durante uma coletiva de imprensa.

"Foi um ano de desafios, mas também foi um ano de enorme progresso", afirmou Biden, admitindo que não previu uma obstrução republicana tão forte ao seu governo.

Biden respondeu a perguntas sobre uma ampla gama de tópicos, do confronto com a Rússia pelos testes de mísseis da Ucrânia e Coreia do Norte até a inflação nos Estados Unidos e a pandemia da covid-19, passando pelo que ele mesmo considera uma ameaça à democracia americana por parte de seu antecessor, o republicano Donald Trump.

Sobre a gestão da pandemia, Biden elogiou os avanços na vacinação. "Passamos de dois milhões de pessoas vacinadas na época em que tomei posse para 210 milhões de americanos totalmente vacinados hoje. Criamos 6 milhões de novos empregos, mais empregos em um ano do que em qualquer outro momento", lembrou.

O presidente democrata enfatizou que "não é hora de desistir" ao se referir às negociações com o Irã para reviver o acordo nuclear de 2015. "Algum progresso está sendo feito", afirmou.

Sobre a questão do combate à inflação, Biden alertou que isso exigirá um esforço de "longo prazo" e atribuiu a alta vertiginosa dos preços a problemas nas cadeias de suprimentos causados pela pandemia.

Levar a inflação a um nível razoável, quando atualmente se encontra em seu nível mais alto em quase 40 anos, "será difícil", insistiu o democrata durante a coletiva de imprensa. "Até lá, será doloroso para muitas pessoas", previu.

Sobre a tensão na fronteira ucraniana, Biden alertou que a Rússia pagará um alto preço se decidir invadir a Ucrânia, incluindo um alto custo humano e profundos danos à sua economia.

"Será um desastre para a Rússia", ameaçou Biden, acrescentando que os russos podem eventualmente prevalecer, mas suas perdas "serão grandes".

Por outro lado, Biden anunciou que a vice-presidente Kamala Harris será sua companheira de chapa novamente em 2024.

Ele também disse estar confiante de que o Congresso aprovará "grandes porções" de seu projeto de lei de gastos sociais, atualmente paralisado.

Esse projeto está parado no Legislativo, pois gera divisão dentro do Partido Democrata, que é maioria no Congresso.

Biden, porém, disse que ainda espera que o Senado aprove novas leis sobre o direito ao voto, que a priori parecem fadadas ao fracasso.

- Volta dos republicanos? -

Uma nova pesquisa da Gallup mostra Biden com apenas 40% de aprovação, abaixo dos 57% no início de seu mandato. Desde a Segunda Guerra Mundial, apenas os números do primeiro ano de Trump foram menores, disse a Gallup.

A coletiva de imprensa de Biden aconteceu na véspera do primeiro aniversário de sua posse, em 20 de janeiro.

Com o tradicional discurso do Estado da União, uma espécie de prestação de contas no Congresso, marcado para 1º de março, o tempo está se esgotando para que Biden consiga mudar o clima antes das eleições legislativas de novembro ("midterms"). Por enquanto, analistas preveem que os republicanos recuperem, com folga, o controle do Legislativo.

A Casa Branca espera que as boas notícias superem lentamente o pessimismo relacionado à pandemia, com a economia se recuperando, a variante ômicron do coronavírus em declínio e os americanos apreciando as conquistas de Biden, como seu enorme plano de gastos com infraestrutura.

Como o chefe de gabinete da Casa Branca, Ron Klain, disse ao Politico: "O presidente Biden foi eleito para um mandato de quatro anos, não de um ano".

Mas o próprio Biden tem se mostrado cauteloso.

Embora o presidente tenha o costume de interagir com os repórteres em sessões breves e muitas vezes apressadas de perguntas e respostas na Casa Branca, a ausência de coletivas de imprensa chama a atenção.

Desde que assumiu o cargo e até 31 de dezembro, Biden deu apenas nove coletivas, contra 22 de Trump em seu primeiro ano e 27 de Barack Obama, segundo um estudo do Projeto de Transição da Casa Branca.

A escassez de entrevistas exclusivas é ainda mais eloquente: 22 para Biden, 92 para Trump e 156 para Obama.

O presidente Joe Biden dará, nesta quarta-feira (19), uma incomum entrevista coletiva para iniciar seu segundo ano de mandato, com a possibilidade de recompor sua agenda diante do que pode ser um revés eleitoral brutal para seu Partido Democrata.

Esta será a primeira coletiva de imprensa do ano de Biden e o primeiro evento formal deste tipo desde que viajou para Glasgow no início de novembro para a cúpula internacional sobre o clima.

O leque de questões que Biden deve enfrentar é enorme: do confronto com a Rússia pelos testes de mísseis da Ucrânia e Coreia do Norte até a inflação nos Estados Unidos e a pandemia da covid-19, passando pelo que ele mesmo considera uma ameaça à democracia americana por parte de seu antecessor, o republicano Donald Trump.

A coletiva vai dar a partida em um intenso esforço da Casa Branca para virar a página nas últimas semanas, com uma nova narrativa centrada ao que membros do governo se referem como as "muitas conquistas" de Biden em seu primeiro ano na Casa Branca.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse a repórteres que o presidente explicará como assumiu o cargo "sob circunstâncias incrivelmente difíceis, lutando contra uma pandemia, uma enorme recessão econômica ... (e) houve muitos progressos".

Na sequência, Psaki apresentou vários quadros e brincou: "Vocês sabem o quanto a gente ama gráficos aqui".

Um deles mostrava que a economia se recuperou do impacto inicial da covid-19, com um índice de desemprego que caiu de 6,4%, há um ano, para atuais 3,9%. Em outro, via-se que o número de adultos totalmente vacinados aumentou para 74%.

Os números "mostram um contraste muito forte de onde começamos e onde estamos agora", disse Psaki.

"Nosso objetivo é, e acho que vocês vão ouvir o presidente falar disso (...) como construir sobre a base", completou.

Ela não abordou as derrotas mais recentes, como a inflação mais alta em décadas e a Suprema Corte derrubando a obrigatoriedade de vacina nas grandes empresas.

Tampouco se fez referência ao fato de os democratas não terem usado sua apertada maioria no Congresso, na semana passada, para aprovar outra das principais prioridades de Biden: reformas nas leis eleitorais.

Os gráficos de hoje também não incluíram o declínio nos índices de aprovação de Biden de cerca de 55% nos primeiros dias de seu mandato para pouco mais de 42% agora.

A coletiva de imprensa de Biden ocorre na véspera do primeiro aniversário de sua posse, em 20 de janeiro.

Com o tradicional discurso do Estado da União, uma espécie de prestação de contas no Congresso, marcado para 1º de março, o tempo está se esgotando para que Biden consiga mudar o clima antes das eleições legislativas de novembro ("midterms"). Por enquanto, analistas preveem que os republicanos recuperem, com folga, o controle do Legislativo.

Os eleitores de 19 municípios, em seis estados, voltam às urnas neste domingo (3) para escolher seus novos prefeitos. Isso é necessário porque a Justiça Eleitoral acabou por impedir que a chapa eleita em 2020 exercesse o mandato.

Isso pode ocorrer por razões que levam a um indeferimento tardio do registro de candidatura, por exemplo. Nesses casos, muitas vezes, o candidato vencedor em 2020 disputou o pleito por força de uma liminar (decisão provisória) judicial que acabou não se confirmando.

##RECOMENDA##

Esse foi o caso, por exemplo, de Antônio José de Oliveira (PT), que venceu a eleição para prefeito de Juazeiro do Piauí, mas acabou tendo o registro de candidatura indeferido posteriormente por ser responsável por uma rádio clandestina.

Outras razões são a cassação do mandato pela Justiça Eleitoral, por alguns dos motivos previstos na legislação eleitoral.

As cidades que voltam às urnas neste domingo são: Firmino Alves (BA); Juazeiro do Piauí (PI); Goianésia do Pará (PA); Capoeiras e Palmeirina (PE); Paranhos (MS); Mendonça (SP), São Lourenço da Serra (SP), Mineiros do Tietê (SP), Guaíra (SP), Apiaí (SP), Campina do Monte Alegre (SP), Itaoca (SP), Piacatu (SP), Santo Antônio do Jardim (SP), Trabiju (SP), Anhembi (SP), Cajati (SP)e Angatuba (SP).

Os candidatos vencedores nas eleições suplementares devem ocupar o cargo até dezembro de 2024.

Em pouco mais de dois anos e meio na Presidência, a pressão pelo impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) aumenta diante de centenas de acusações de crimes de responsabilidade. Considerados atentados à Constituição Federal previstos no art. 85, a Lei 1079/50 regulamenta a punição, mas depende do interesse da Câmara dos Deputados, como explica o conselheiro da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), Rodrigo Nabuco.

Esse tipo de infração político-administrativa é cometida durante a gestão do presidente, de ministros do Estado, do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do procurador-geral da República (PGR).

##RECOMENDA##

Ampla denúncia

“Qualquer cidadão pode encaminhar à Câmara uma denúncia por crime de responsabilidade e cabe a conveniência do presidente [para] dar seguimento”, indica o advogado.

Na sua visão, ao defender posições controversas, o presidente da República “atenta muitas vezes contra os outros poderes, contra a democracia. Ele tem falas golpistas de impedimento do exercício normal dos outros poderes e isso pode ser enquadrado como crimes de responsabilidade”.

Por não se tratar de crime político, mesmo que culpado, Bolsonaro não pode ser preso. Contudo, a lei prevê a perda do mandato e inabilitação a novas funções públicas por cinco anos. “São crimes muito difíceis de serem processados e comprovados”, avaliou Nabuco ao pontuar sobre o teor interpretativo das acusações.

Julgamento político

No Brasil, o crivo do 'tribunal político' raramente aplica a pena, como ocorreu com os ex-presidentes Fernando Collor e, mais recentemente, Dilma Roussef. Para conselheiro da AASP, a aliança com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dificulta a instauração do processo contra Bolsonaro.  

"Como ele é aliado do presidente, dificilmente vai dar continuidade a isso. Depende dele. Não existe outra pessoa na Constituição", comentou.

Trâmite no Congresso

"Tem um componente político muito forte, porque quem vai dizer se ele atentou contra a probidade da Administração, por exemplo, vai ser inicialmente a Câmara, se admitir o processamento. Depois o Senado, que vai dizer se aquilo que o presidente fez está disciplinado como crime de responsabilidade, se está na lei aquilo, mas é um componente totalmente político”, esclareceu.

Dentre os crimes conferidos na legislação estão atentar contra a existência da União; a liberdade das entidades políticas; aos direitos políticos, individuais e sociais; a segurança interna do País; a probidade na Administração; a lei orçamentária e ao cumprimento das decisões judiciais.

Efeito negativo

Há cerca de um ano das eleições e, após as duas experiências negativas no Brasil, o advogado criminalista adverte para a gravidade de retirar um presidente eleito. “O impedimento não pode ser uma coisa corriqueira, não pode ser uma coisa comum”, considera.

Para Nabuco, o resultado das urnas eletrônicas deve ser respeitado como aceno ao processo democrático. “Por isso é muito grave. Um presidente eleito com milhões de votos, tem que ser uma coisa muito séria para que ele seja destituído do cargo”, concluiu.

O Plenário da Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (11) cassar o mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Niterói (RJ). Foram 437 votos favoráveis, 7 contrários e 12 abstenções.

Além de perder o cargo, a deputada ficará inelegível por determinação da Lei da Ficha Limpa.

##RECOMENDA##

O relator do processo, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), afirmou que a deputada usou o mandato para coagir testemunhas e ocultar provas. Ele ressaltou que a análise do Conselho de Ética se limitou a fatos considerados antiéticos, sem entrar no mérito de quem é o culpado da morte do pastor Anderson do Carmo.

O relatório, segundo ele, comprova o uso indevido do mandato pela deputada. “O que se extrai desse processo no âmbito de Conselho de Ética são os fatos antiéticos, como o uso do mandato para coação de testemunha e para ocultação de provas”, disse Alexandre Leite.

A deputada Flordelis foi pessoalmente ao Plenário se defender. Ela reafirmou a inocência. “Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente, todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada”, declarou.

Flordelis afirmou que os deputados se arrependerão do resultado. “Quando o tribunal do júri me absolver, vocês vão se arrepender de ter cassado uma pessoa que não foi julgada”, disse Flordelis.

Defesa de Flordelis 

Durante a discussão da proposta que pode cassar o mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ) por quebra de decoro parlamentar, deputados criticaram a abordagem da defesa. Na sessão do Plenário, advogados de Flordelis disseram que a deputada é vítima de perseguição.

O deputado Leo Motta (PSL-MG) afirmou que o processo do Conselho de Ética não é discriminatório, machista ou misógino, como afirmaram os advogados de defesa da deputada. “De forma acintosa na estratégia de defesa, nos sentimos constrangidos com a abordagem feita a esta Casa. Houve, sim, quebra de decoro parlamentar. Nós temos que acreditar nas instituições”, disse.

Leo Motta reafirmou que não houve perseguição à parlamentar e que o Conselho de Ética deu à deputada todas as possibilidades de defesa. “Não apresentaram provas que inocentassem a deputada em toda essa trama”, ressaltou.

Flordelis é acusada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Niterói (RJ). A deputada nega a acusação.

Segundo relatório aprovado no Conselho de Ética, ela teria violado o Código de Ética ao abusar das prerrogativas para ocultar provas e coagir testemunhas. Para cassar o mandato, são necessários os votos de pelo menos 257 deputados (maioria absoluta) em votação aberta e nominal.

O deputado Gilson Marques (Novo-SC) também criticou a atuação dos advogados de defesa na tribuna da Câmara dos Deputados. “Não há necessidade de gritar nem esbravejar. Várias teses e informações trazidas aqui foram trazidas unicamente pela defesa: religião, cor de pele, se fazia swing. Todas essas informações são irrelevantes”, disse.

Gilson Marques declarou que o Novo vai defender a cassação da deputada. “Precisamos ter empatia com os brasileiros que estão pagando essa parlamentar, em um tempo de pandemia, para colocar um suplente que possa ter ideias para melhorar o Brasil.”

O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) disse que cogitou apresentar uma emenda para que a pena seja convertida em suspensão do mandato, mas recuou após ler o relatório. “Todas as provas do processo de investigação apontam que houve sim a quebra de decoro parlamentar da deputada Flordelis”, disse.

Tramitação

Foi encerrada há pouco a fase de debates sobre o processo contra a deputada. Em razão de decisão recente da Presidência da Casa, a matéria foi transformada no Projeto de Resolução 57/21, do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que recomenda a perda de mandato, conforme parecer do deputado Alexandre Leite (DEM-SP).

A decisão permite a apresentação de emendas assinadas por um mínimo de 103 deputados propondo penas menores ou maiores que os pareceres do conselho. Entretanto, não foram apresentadas emendas para este caso.

*Da Agência Câmara de Notícias

O Conselho de Ética da Câmara aprovou, na quarta-feira (7), a suspensão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por seis meses, no caso em que ele é acusado de fazer ataques aos ministros do Supremo, mesmo motivo pelo qual o parlamentar foi preso em flagrante em fevereiro. Foram 12 votos a favor da suspensão e 8 contra. A defesa do parlamentar afirmou que não irá recorrer. O parecer precisa ser votado agora pelo plenário da Casa para ser validado.

Silveira é alvo de outras duas representações no Conselho de Ética. A primeira foi votada na semana passada para suspendê-lo por dois meses e é referente a uma gravação feita sem autorização de uma reunião do PSL. Silveira responde ainda a uma terceira acusação, na qual o relator sugeriu a suspensão por três meses, mas o parecer ainda não foi votado.

##RECOMENDA##

No mês passado, o relator, deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), apresentou parecer com a sugestão de punição de suspensão de seis meses de Silveira do seu mandato. Deputados de outros cinco partidos apresentaram voto em separado pedindo a perda de mandato, mas prevaleceu a sugestão do relator.

Ao todo, as sentenças dos relatores para Daniel Silveira, reunindo as aprovadas e as pendentes de votação, somam onze meses de suspensão. O regimento da Câmara tem previsão de um afastamento máximo de seis meses, por isso, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Azi (DEM-BA), irá fazer uma consulta à Mesa Diretora da Casa para saber se será possível somar os meses, ou não.

Supremo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para que Silveira explique a notícia de pediu asilo a quatro países diferentes. A informação sobre os pedidos de asilo foi publicada pelo site Metrópoles e confirmada pela defesa do deputado, que não teve nenhum pedido aceito.

A decisão de Moraes foi proferida na segunda-feira. "Diante da ampla divulgação de notícias no sentido de que o deputado federal Daniel Silveira, réu nestes autos, teria solicitado asilo diplomático a 4 (quatro) países, intime-se a Defesa do parlamentar para que esclareça, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, acerca da veracidade dos fatos noticiados", escreveu Moraes.

Após cumprir regime domiciliar por cerca de três meses, Daniel Silveira foi reconduzido à prisão no dia 24 de junho por não pagar uma multa de R$ 100 mil estabelecida pelas sucessivas violações à tornozeleira eletrônica. A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio registrou 36 violações à tornozeleira em menos de dois meses - incluindo descargas, rompimento da cinta e ausência na área delimitada. Em uma das ocasiões, o equipamento ficou desligado por quase dois dias.

Quando foi reconduzido à prisão, Silveira se recusou a entregar seu celular às autoridades. Em despacho, Moraes registra que a Polícia Federal recebeu o aparelho e dá um prazo de conclusão de dez dias para a perícia. Em abril, Silveira virou réu por grave ameaça por incitar a animosidade entre o tribunal e as Forças Armadas, delito previsto na Lei de Segurança Nacional, após os ministros do STF aceitarem a denúncia oferecida pela PGR na esteira do vídeo gravado pelo parlamentar.

A defesa de Silveira afirmou que alegou que ele "agiu sem pensar" e "ultrapassou a barreira do lógico" ao procurar asilo em diferentes embaixadas.

Debruçado sobre uma centena de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (30), o gestor da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) deve receber da oposição o 'superpedido' pela cassação do mandato presidencial. As denúncias sobre a aquisição superfaturada de 20 milhões de doses da Coxavin em um esquema de propina pressionam o presidente da Câmara pela abertura do processo.

Herdeiro dos requerimentos escanteados pelo antecessor Rodrigo Maia, desde que assumiu a casa legislativa, Lira evita evoluir no debate sobre eventuais crimes cometidos pela gestão. Nas eleições da Mesa Diretora da Câmara em 2020, Bolsonaro fez campanha pelo deputado e comemorou sua vitória.

##RECOMENDA##

Com cerca de 21 crimes elencados pelos opositores, algumas das acusações contra Bolsonaro tratam de apologia à tortura, participação em atos antidemocráticos, incitação de motim das Forças Armadas, promoção de revolta contra o isolamento social na pandemia, e atraso no atendimento às necessidades dos Estados e municípios durante a crise sanitária.

Para o advogado e membro da Comissão de Direito Eleitoral do Conselho Federal, Delmiro Campos Neto, o processo de impeachment é nocivo em qualquer ambiente político. Questionado pelo LeiaJá sobre os crimes que poderiam ser imputados para a cassação do presidente, ele reforça que os supostos delitos primeiro precisam ser comprovados pelo Judiciário e votados pelos deputados.

“Se forem provadas e demonstradas que o presidente evitou tomar medidas de prevenção e combate ao crescimento da pandemia do Covid-19, procedeu com atos de boicote ao avanço da vacinação, podem servir de base, repito, se comprovados, para o reconhecimento do crime de responsabilidade”, pontuou o jurista.

Mesmo sem criminalizar as posições amplamente criticadas do presidente, Campos Neto destacou três possíveis crimes caracterizados pelo trato controverso com a pandemia:

- Crime de responsabilidade indicado no art.85 da Constituição Federal, que trata sobre o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais, por atentar contra o direito fundamental à Saúde, apontado no art. 196;

- Omissão de notificação de doença, exposta no art. 268 do Código Penal (CP), com pena de um mês a um ano de detenção, e pagamento de multa;

- Prevaricação apresentada no art.319 do CP, que criminaliza o servidor que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Também com pena de três meses a um ano, além da multa.

Ele lembra que Bolsonaro também pode ser responsabilizado por “cometimento de crime comum”, caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente a denúncia. Vale lembrar que o subprocurador Augusto Aras assumiu a direção da entidade após ser escolhido pelo próprio presidente, que quebrou a tradição de disputa interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), respeitada desde 2003, de indicar o mais votado pela lista tríplice.

“Embora não seja um pedido de impeachment, essa representação também pode resultar no afastamento do presidente, a depender do enfrentamento da matéria posta ao Judiciário pela Câmara Federal e enfrentada em plenário com a exigência do quórum mínimo de 2/3”, acrescentou.

O Conselho de Ética aprovou a suspensão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por dois meses do seu mandato no caso em que o parlamentar é acusado de quebra de decoro parlamentar por ter gravado e divulgado reunião do PSL em outubro de 2019. O afastamento deve ser ainda votado pelo plenário da Câmara para valer.

A recomendação do relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), foi aprovada por 13 votos a 3. Inicialmente, Leite havia pedido uma suspensão de quatro meses, mas recuou. A defesa de Silveira abriu mão de recorrer da decisão do colegiado.

##RECOMENDA##

Leite apresentou a primeira versão seu parecer na semana passada. O relator considerou a gravação uma ofensa ao direito à intimidade. "A utilização de gravações clandestinas como instrumento de denúncia ou de arapongagem claramente não se coaduna com o papel de quem tem o dever de zelar pelo do Estado democrático de direito e de defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. Desse modo, condutas dessa natureza devem ser fortemente combatidas e punidas, salvaguardando a higidez de nosso regime democrático", diz o relatório.

Nesta segunda-feira (07), o vereador Dilson Batista (Avante) protocolou uma representação na Câmara dos Vereadores do Recife contra a vereadora Liana Cirne (PT). Batista acusa a petista de quebra de decoro parlamentar e de cometer práticas incompatíveis com o seu mandato.

As acusações referem-se à participação de Liana nas manifestações do dia 29 de maio, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Centro do Recife. O requerimento de Dilson Batista aponta que Liana participou do protesto contrariando o decreto do Governo de Pernambuco, que proíbe a promoção de aglomerações no Estado.

##RECOMENDA##

O vereador destaca que a petista, ao exibir a sua carteira funcional para a viatura da Polícia Militar, cometeu abuso de autoridade. 

"Todo abuso de autoridade deve ser combatido. Também é papel do vereador fiscalizar os excessos cometidos pelos seus colegas de parlamento, além disso, a Polícia Militar de Pernambuco, que se destaca nacionalmente no cumprimento da sua missão, precisa ser respeitada”, explicou o vereador Dilson Batista.

No manifesto do dia 29 de maio, Liana foi atacada por um policial militar com spray de pimenta no rosto ao tentar evitar que a PM continuasse as ações truculentas contra os manifestantes que protestavam de forma pacífica.

Com as duas doses da vacina contra a covid-19 aplicadas em apenas 10,37% da população até esta sexta-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro ligou o tema à campanha da reeleição, no ano que vem. "A primeira dose foi em 18, a segunda dose vai ser em 22", disse ele.

A afirmação, seguida por gargalhadas, foi feita por Bolsonaro ao retornar ao Palácio da Alvorada, no início da noite, em resposta a um apoiador que falava de "prejuízos à juventude", causados por adversários. Primeiro, o presidente reclamou de adolescentes que o criticam. Em seguida, pôs a eleição na conversa.

##RECOMENDA##

"Que interesse eu tenho em falar uma coisa que não fosse verdade? Interesse nenhum. O João 8:32 derrotou esses caras em 2018", afirmou Bolsonaro numa referência ao trecho do evangelho de João, capítulo 8, versículo 32 ("E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"). Depois, sem que ninguém tivesse abordado o assunto vacina, Bolsonaro emendou o comentário sobre a "segunda dose", em 2022.

Sem máscara de proteção facial, Bolsonaro não mencionou, durante a conversa, nenhuma medida para agilizar o processo de vacinação nem as quase 460 mil vítimas de covid-19.

O presidente aproveitou a presença de fãs para criticar adversários políticos e o Supremo Tribunal Federal (STF). Afirmou, por exemplo, que o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, "está coladão" no ex-presidente Lula em Alagoas.

Bolsonaro também atacou o ministro do STF Marco Aurélio Mello. Nesta sexta, o magistrado criticou a ação movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) para questionar medidas restritivas de circulação adotadas por três Estados - Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná.

"O Marco Aurélio debochou da ação. Um ministro não pode prejulgar nada. Ele vai embora agora em julho, está acabando o tempo dele, 75 anos", declarou Bolsonaro, numa referência à aposentadoria compulsória do ministro. "Eu não sei por que agir dessa maneira. Quem segura o salário dele, a economia que eu segurei, com medidas variadas, para compensar as demissões que iam acontecer em massa?"

O Estadão apurou que, como o Supremo já discutiu o tema e admitiu a autonomia de Estados e municípios para adotar medidas sanitárias no combate ao coronavírus, a tendência é a de que a ação seja rejeitada.

Por 6 votos a 1, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta terça-feira (25) que a deputada federal Tabata Amaral (SP) pode se desfiliar do PDT sem perder o mandato. Os ministros atenderam a parlamentar, que pediu o reconhecimento de 'justa causa' para deixar o partido, alegando discriminação e suspensão de suas atividades por divergências com o comando da sigla.

O processo, que dura 19 meses, foi aberto em outubro de 2019, quando a deputada e outros sete integrantes do PDT na Câmara votaram a favor da reforma da Previdência, contrariando a orientação da legenda. Todos os dissidentes se tornaram alvo de processo administrativo na Comissão de Ética da legenda, por infidelidade partidária. Ao TSE, Tabata disse ser alvo de 'massacre' e 'fake news' promovidos pela cúpula do PDT, que estaria agindo para vê-la 'sangrar' até pedir a desfiliação.

##RECOMENDA##

O relator do processo é o ministro Sérgio Banhos. No julgamento, ele afirmou que houve 'discriminação pessoal' contra a deputada. "Se o estatuto do PDT estabelece regras de fidelidade partidária que conformam a atuação parlamentar, bem como disposições punitivas de descumprimento, em tese, todos os filiados que tenham assim agido deveriam receber o mesmo tratamento", disse.

O ministro lembrou que o TSE já consolidou entendimento de que os partidos não podem determinar sanções disciplinares graves aos filiados quando houver acordo para autonomia política no exercício dos mandatos. A interpretação foi aplicada no julgamento que reconheceu justa causa para a desfiliação do deputado federal Felipe Rigoni (ES) do PSB. Ao incorporar as candidaturas advindas do movimento Acredito, como a de Tabata, o PDT autorizou, através do secretário-geral, a liberdade de posicionamento do grupo. Na carta-compromisso, assinada em abril de 2018, a sigla se comprometeu a 'dar voz e voto aos integrantes do Acredito filiados ao partido' e a 'respeitar as autonomias políticas e de funcionamento do Acredito, bem como a identidade do movimento e de seus representantes'.

"Os comentários ofensivos em face da autora, a quebra de confiança existente entre o PDT e o movimento Acredito e o repentino e inesperado fechamento dos espaços políticos para o grupo dissidente indicam clara situação de desprestígio e de conivência inviável", afirmou Banhos. "O referido acordo, firmado no marco final para filiação partidária, foi essencial para a decisão da autora de compor as hostes partidárias e de concorrer ao cargo de deputada federal. Sem a referenda garantia de resguardo à autonomia política, sem essa relação de fidúcia entre a agremiação e a cidadã, a autora não teria se candidatado pelo PDT", concluiu o ministro. Ele observou ainda que a eleição de Tabata 'somou muitos votos às eleições proporcionais'.

O relator foi acompanhado pelos colegas Luís Felipe Salomão, Carlos Horbach, Alexandre de Moraes, Mauro Campbell Marques e Luís Roberto Barroso.

Em seu voto, Moraes observou que, no momento da filiação, o PDT já sabia que Tabata tinha posições específicas divergentes das diretrizes da legenda. "Já sabiam dessa divergência dela em relação às questões previdenciárias, em outras questões também de cunho liberal, mas mesmo assim concederam legenda. Ou seja, houve um prévio acordo para que o partido pudesse ter uma maior representatividade nas eleições. Não pode depois essa pessoa sofrer uma perseguição desproporcional, como ocorreu", destacou.

Embora tenha acompanhado o relator, o ministro Carlos Horbach chamou atenção para as consequências da incorporação de movimentos de renovação política. "A formação desses movimentos suprapartidários, com pautas específicas, o surgimento desse fenômeno na vida democrática brasileira, pode trazer algumas consequências deletérias, impensadas, que podem prejudicar a ordem democrática. Penso que os partidos seriam levados a condição de verdadeiros hospedeiros", disse.

A divergência foi aberta pelo ministro Edson Fachin, que não viu descriminação contra a deputada e acabou isolado no julgamento. Ele considerou que as declarações públicas de dirigentes do partido não foi dirigidas especificamente à Tabata. "Não há, na minha ótica, como automaticamente concatenar o conteúdo de tais dizeres como aptos a configurar ofensas pessoais direcionadas direta e individualmente à requerente", afirmou. "[Foram] falas de teor crítico, incisivo e, evidentemente, ácido, mas não se identifica que estejam interativamente direcionadas a um filiado especificamente, mas a um grupo de filiados."

Tabata x PDT

Antes da votação, o advogado Cristiano Vilela de Pinho, que representa Tabata no processo, voltou a dizer que o PDT descumpriu o próprio estatuto ao suspender a deputada por mais de 60 dias. Ele também afirmou que o partido autorizou a 'liberdade de posicionamento' dos filiados do Acredito.

"O PDT firmou esse compromisso, através do secretário-geral do partido. Essas candidaturas foram propagadas no momento eleitoral sob essa bandeira, receberam os votos, e aí com menos de seis meses houve esse episódio e a tentativa de criminalizar, de criar uma situação insustentável, que fez com que ela não tivesse outra alternativa se não solicitar a justa causa", afirmou. "O PDT, nesse processo todo, onde suspendeu a deputada Tabata Amaral, descumpriu os artigos estatutários que regulamentam o tema."

O advogado disse ainda que o partido 'fechou as portas' para Tabata e fez com a deputada ficasse 'órfã da estrutura partidária'. Ele lembrou declarações públicas do presidente da sigla, Carlos Lupi, e do vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, contra a parlamentar.

"Foram diversas ofensas com a finalidade de minar a figura política da deputada. São ofensas que estão em um patamar muito acima do permitido, do respeitado dentro de uma conivência harmoniosa intra-partidária", criticou ao lembrar menções como 'traidora' e 'vendida'.

Na outra ponta, o advogado Walber Moura Agra, representante do PDT, negou discriminação contra a deputada e lembrou que ela continuou a participar da Comissão de Educação. Também afirmou que o compromisso firmado com o movimento Acredito não foi chancelado pelo presidente da sigla e não pode funcionar como 'salvo-conduto' para os filiados violarem a doutrina do partido e as regras de fidelidade partidária estabelecidas na Constituição. Destacou ainda que a orientação para votação do texto da reforma da Previdência não foi uma orientação da bancada, mas uma convenção nacional.

"Isso vem de uma história que vai ser conjecturada com os posicionamentos do presidente Leonel de Moura Brizola. Quem não fecha as questões, sai do partido. Isso é histórico do PDT", disse. "Esse caso é muito além do que um simples acordo, um simples acerto, entre o PDT e o movimento Acredito."

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, nesta terça-feira (11), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria ouvir mais o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, sobre alguns aspectos e posturas diante da pandemia do novo coronavírus.

Durante a oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, Barra Torres expôs várias divergências da linha de pensamento de Bolsonaro sobre, por exemplo, o uso de máscaras, a vacinação e o tratamento precoce contra a Covid-19. 

##RECOMENDA##

Dedicando a maioria dos 15 minutos reservados a ele para criticar a gestão Bolsonaro, Humberto, que perguntou pouco ao presidente da Anvisa, questionou se ele concordava da tese do governo de exposição da população ao vírus para criar a chamada imunidade de rebanho, após a contaminação de cerca de 70% dos brasileiros. Na ótica do petista, a tese é um "crime de dolo eventual". Em resposta, Barra Torres foi categórico: "não". 

"Fico feliz em encontrar alguém neste governo que considera as atitudes do presidente da República equivocadas", frisou o parlamentar, para logo em seguida indagar ao presidente da agência quem teria dito a Bolsonaro sobre o evento adverso gerado pela vacina CoronaVac, resultando na comemoração do chefe do Executivo nacional em publicação no Twitter da morte de uma pessoa, para atingir politicamente seu virtual adversário nas eleições de 2022, o governador de São Paulo João Doria (PSDB). 

"O evento adverso foi publicado no portal da Anvisa, a Rede Globo efetuou a mesma notícia naquela noite, tornando a notícia pública. O próprio Dimas (Covas) disse que teve acesso pela imprensa", respondeu Barra Torres, que foi novamente parabenizado pelo senador. Humberto novamente questionou sobre as declarações de Jair Bolsonaro e a disputa política criada em torno dos imunizantes.

"[Essas posturas] não ajudam, senador. Coloco essa declaração na conta de uma guerra política que se instaurou diante de assuntos que deveriam ser da ciência. Chegamos a uma situação ruim onde a ciência se mistura com a área política", continuou Barra Torres.

Avaliando as respostas do presidente da Anvisa, Humberto Costa então declarou: "acho que o presidente devia ouvir muito mais ao senhor. Está mostrada uma cisão dentro da cidadela bolsonarista...  Conduta completamente diferente do ministro da Saúde, que veio aqui e ficou dizendo que não iria emitir juízo de valor sobre o uso da máscara, por exemplo, e que tinha mandado fazer um estudo sobre o tratamento precoce com a cloroquina. O senhor Queiroga, inclusive, tem que voltar aqui". 

Ainda diante das divergências de Barra Torres sobre a conduta de Bolsonaro, o petista pontuou: "o senhor tem sorte, aliás, sorte não porque foi aprovado pelo Congresso. Se não tivesse um mandato não continuaria [no cargo] a partir de amanhã, a julgar pelo presidente da República". 

Por ordem judicial, o prefeito e a vice de Águas Belas, cidade do Agreste de Pernambuco, tiveram os mandatos cassados por "abuso político e econômico" nas eleições de 2020. Na decisão expedida na quarta-feira (5), o juiz Rômulo Macedo Bastos também estipulou a multa individual de R$ 30 mil.

O prefeito Luiz Aroldo (PT) e Eniale de Codinho (PSD) vão recorrer da determinação. O magistrado também solicitou que a dupla fique inelegível até as eleições de 2028. Caso o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) confirme as cassações, ainda resta aos envolvidos recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

##RECOMENDA##

Em comunicado, o PT diz que o gestor foi "vítima de injustiça" e aponta que "recebeu com surpresa a notícia da cassação do diploma do prefeito de Águas Belas, Luiz Aroldo, e da sua vice, Eniale de Codinho (PSD), cujos mandatos foram legitimamente conquistados nas urnas".

Nesta quarta (14), a Justiça do Rio de Janeiro, através da juíza Mirela Erbisti, da 3ª Vara de Fazenda Pública do Rio, negou, o pedido de suspensão do mandato do vereador Dr Jairinho, suspeito de ter matado e torturado o enteado Henry Borel, de apenas 4 anos. A solicitação foi realizada pela bancada do Psol, por meio de uma uma ação popular. No documento, os parlamentares afirmam que a manutenção de Jairinho na casa, fere o decoro da instituição.

Apesar de Jairinho estar afastado do Solidariedade e preso desde o dia 8 de abril por suposta tentativa de obstrução das investigações, a juíza argumentou que o pedido é incompatível com os princípios de presunção de inocência e separação dos poderes. "Indene de dúvidas a repulsividade do crime praticado contra o menor Henry. Tendo chocado toda a sociedade, os noticiários veiculam diariamente detalhes da investigação, os quais inevitavelmente revoltam e entristecem qualquer ser humano com um mínimo de empatia pelo outro", diz a Mirela Erbisti, no texto decisão.

##RECOMENDA##

A juíza destaca ainda que a constituição determina que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". "Note-se que nem a lei da ficha limpa proíbe que réus ainda não condenados venham a se candidatar a cargos públicos, sendo sua eleição, ainda e apesar de responderam a crime, uma escolha popular. Assim é o mandato do vereador: uma escolha democrática do eleitor", explica.

Sobre a separação dos poderes, a juíza declara ainda que "por mais que o sistema de freios e contrapesos permita o controle do Poder Legislativo pelo Judiciário, não autoriza a intervenção no caso em tela, em que um vereador eleito pela vontade do povo seja afastado da função por um membro do Poder Judiciário sem condenação criminal ou administrativa, ou ainda norma legal autorizativa".

A Câmara Municipal do Rio anunciou por nota que o vereador Dr Jairinho (Solidariedade), preso na manhã desta quinta, 8, teve o salário suspenso e ficará formalmente afastado do mandato a partir do trigésimo primeiro dia de afastamento, segundo o Regimento Interno da Casa. A Câmara também prometeu "celeridade" para o caso no Comitê de Ética, embora ainda não haja representação. O colegiado tem reunião marcada para o fim da tarde.

O político foi levado à prisão pela Polícia Civil do Rio, em inquérito que investiga a morte do menino Henry Borel, de quatro anos, com sinais de tortura. A mãe do garoto, Monique Medeiros, também foi presa. Ambos são acusados de tentar atrapalhar as investigações e influenciar testemunhas.

##RECOMENDA##

A Solidariedade, partido ao qual é filiado o vereador carioca, informou em nota que a executiva nacional da legenda encaminhou a seu Conselho de Ética um pedido de "expulsão sumária" do acusado. A agremiação também informou que Dr Jairinho, antes da prisão, já estava licenciado e afastado das atividades partidárias.

Confira a nota do Solidariedade:

"Foi encaminhado ao Conselho de Ética um pedido de expulsão sumária do vereador Dr. Jairinho solicitado pela Comissão Executiva Nacional do Solidariedade."

"O vereador já estava afastado e licenciado do partido antes do anúncio de sua prisão realizada hoje."

"Enquanto um partido que luta por um futuro melhor para os brasileiros, manifestamos nosso repúdio a todo e qualquer tipo de maus tratos e violência, principalmente contra crianças e adolescentes."

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando